As visitas às comunidades, principalmente acompanhado dos vereadores daquela região, demonstra que o prefeito de Cachoeiro, Victor Coelho (PSB), atentou-se para a importância do bom relacionamento político e também para o sinal vermelho que ameaça acender na Câmara Municipal.
“Habilidade no relacionar-se com os outros, tendo em vista a obtenção de resultados desejados” – esta é uma das definições da palavra política, hoje demonizada por muitos que a exercem desviando a sua real finalidade. É preciso, sim, sair do gabinete para conhecer as demandas, ouvir o clamor das comunidades; e, quando estiver no gabinete, abrir as portas para os vereadores, pois estes foram eleitos também para levar os anseios dos moradores.
Está em alta no momento o projeto de engajamento ambiental do vereador Rodrigo Sandi (PTN) que transforma lixo, como pneus, em jardins. O lançamento oficial desta proposta será no dia 13 de maio.
Esta ideia do Rodrigo é um claro exemplo da importância de ouvir um vereador. Ou seja, conhecedor de um ponto fraco e prejudicial aos moradores do bairro Zumbi, ele estudou formas e exemplos de outros lugares e encontrou uma solução que não onera o município; pelo contrário, desonera poupando gastos com a saúde, limpeza pública e o meio ambiente. Além disso, é algo que pode ser proliferado por todo município, e que, merecidamente, reverte-se em capital político tanto para Sandi quanto para Victor.
Reforçando: é preciso ouvir. É comum em palácios as informações não chegarem com a devida gravidade ao líder, por ser irresponsavelmente amenizadas por assessores. Mas, a verdade é que os vereadores não conseguem dar vazão à infinidade de pedidos que recebem não apenas daqueles que o elegeram (não adianta negar, estes cobram mais), como de todos a que representam.
Junto à frustração e aos inúmeros telefonemas (e mensagens via whatsapp) de pessoas que lhe atribuem má vontade, os vereadores se sentem tratados com submissão por alguns integrantes da cúpula do governo.
Claro que as administrações precisam de técnicos, só que há setores onde a técnica é a política – área de humanas. Quanto a isso, o líder precisa saber administrar o posicionamento das peças. E outra: o feedback da eficiência desta relação entre os poderes tem que ser do prefeito; nunca é aconselhável esperar a confissão de insucesso de quem depende do emprego.
Embora seja cedo, o governo esteja no início, a realidade é que o nível das insatisfações na Câmara Municipal é quase semelhante a de uma administração já desgastada. E isso se deve exclusivamente à falta de um diálogo mais afinado, no qual até um ‘não’ é compreensível.
Não há dúvida de que é de extrema preocupação uma crise institucional neste período em que o governo ainda se organiza conforme as suas convicções. Se há muita qualificação técnica, falta dosar, à medida necessária, a atuação política.