Escolhemos, ponderamos e comemoraremos?

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Ando conversando com gente desconhecida na rua, com amigos, colegas, vizinhos ou parentes e tenho constatado que a imensa maioria dos eleitores livres ou fora dos currais eleitorais, assim como eu, votará num ou noutro candidato sem qualquer convicção, quase infelizes, pois nenhum deles era seu preferido inicialmente. 

Rapidamente as candidaturas preferidas, derreteram e perderam qualquer chance na disputa. Foram restando poucas opções e o voto útil passou a ser o único caminho. 

Todos os que sobreviveram ao primeiro turno são, para uma grande parcela de seus eleitores, aquela meia-sola muito mequetrefe dos seus anseios inicias, tendo em vista sabermos todos que votar em branco ou nulo significa deixar que outros façam a escolha por nós, já que a ideia de que tais votos poderiam determinar a necessidade de apresentação de novos candidatos pelos partidos simplesmente não vingou. 

É evidente que cada um desses eleitores que migraram, a partir de inúmeras variáveis, convicções formadas fundadas em infinitas considerações, encontra suas razões para selecionar um ou outro normalmente muito a contragosto. 

É transparente que quem vota em Haddad não necessariamente apoia a corrupção, quer o Lula livre, etc., etc., ao passo que quem vota em Bolsonaro não é torturador, homofóbico, etc. 

É claro que está ocorrendo intimamente uma ponderação de valores, com o impacto óbvio das condições sócio-econômicas individuais, tendo cada um seu particular resultado sobre o que é menos pior! 

Sim, salvo os eleitores convictos, muitos não estão buscando qual é o melhor dos dois, mas o menos ruim. Grande parte não está escolhendo de verdade, nem tem nada a comemorar! 

E mesmo quem acredita piamente nos candidatos tem sua maneira própria de enxergar, sabendo-se que toda visão, no entanto, depende, dentre outras coisas, do ponto de observação e do ângulo, não se podendo exigir do eleitor uma perfeição que é atributo divino.

O que surpreende é que há gente dos dois lados confundindo os eleitores com os partidos, os candidatos, seus apoiadores financeiros diretos, seus fãs ou ídolos. 

Não são justificáveis, portanto, as ofensas aos eleitores, muito menos as acusações e ameaças. 

Ninguém deseja o pior para o país e desconheço quem possa prever o futuro com tanta certeza! 

Excesso de convicções são uma boa fonte de arrependimentos!

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