O projeto “Caminho do Santuário” ou “Caminho dos Santuários” consiste na reconstituição e institucionalização da rota percorrida regularmente pelo Padre Anchieta (hoje, São José de Anchieta) nos seus últimos dez anos de vida, entre 1587 e 1597, compreendida entre a antiga Vila de Rerigtiba, atual município de Anchieta, o Santuário Nacional de São José de Anchieta e o Santuário de Nossa Senhora das Neves, na cidade de Presidente Kennedy, no estado do Espírito Santo.
O rigor histórico de identificação exata do percurso do missionário permite a fixação de um roteiro que assume importância pelos seus aspectos histórico, cultural, ambiental, religioso e pela soma desses atributos turísticos.
O projeto, criado em 2016, se inspira na tradição das rotas místico-históricas, que centenas de andarilhos e peregrinos de várias partes do mundo, buscam por variadas motivações. Foi concebido de modo a ser implantado gradualmente com a promoção de uma grande caminhada anual que ensejasse a sua divulgação a nível nacional.
O Objetivo da Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta – ABAPA, é a implementação, consolidação e manutenção do trajeto percorrido por São José de Anchieta em território capixaba e brasileiro, promovendo esta rota nos seus aspectos cultural, histórico, religioso e turístico, trabalhando no sentido de efetivar este itinerário como uma via perene de andarilhos peregrinos.
Segundo fonte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, alguns municípios do sul do Espírito Santo tiveram a participação direta ou indireta de São José de Anchieta.
Anchieta
Tributa-se ao Apóstolo do Brasil, Padre José de Anchieta, a colonização da região atualmente compreendida pelo município de Anchieta. Foi ele que, nos primórdios da ocupação do território do Brasil, colocou as primeiras pedras basilares do povoamento, assentando o marco histórico do início de uma nova era para aquela parte do Estado do Espírito Santo.
No decorrer de uma viagem de inspeção por várias aldeias capixabas, no ano de 1569, José de Anchieta fundou a povoação de Iriritiba, onde em 1579 construiu um templo dedicado à Nossa Senhora da Assunção. Iriritiba recebeu foros de Vila em 1º de janeiro de 1759, com a denominação de Benevente.
Em 14 de fevereiro de 1761, transformou-se em distrito de Benevente, sede do Município do mesmo nome. Foi elevada à categoria de cidade com o nome de Anchieta, em homenagem a seu fundador Padre José de Anchieta, a 12 de agosto de 1887, através da Lei Provincial nº 6.
Para alguns estudiosos da história capixaba, a mudança definitiva do nome do município para Anchieta decorreu por força de Lei Estadual nº 1307, de 30 de dezembro de 1921.
Piúma
As terras, hoje compreendidas pelo atual município de Piúma, eram ocupadas pelos índios Goitacás, habitantes do litoral sul espírito-santense.
Os primeiros colonizadores da região fundaram, no local em que está localizada a sede municipal, o povoado de Piúma, de onde partiram para a conquista e desbravamento das terras férteis da hinterlândia, tendo estabelecido, em meados do século XIX, a povoação de Iconha, que passou a constituir o principal centro comercial da região.
Em face da lei provincial nº 14, de 04 de maio de 1883, o povoado de Piúma foi elevado à sede de distrito, com a denominação de Nossa Senhora da Conceição de Piúma. Em 1891, foi criado o município de Piúma, com território desmembrado de Anchieta.
O topônimo é derivado do vocábulo tupi, Piúma (que significa Pele Negra). Em 1904, a sede municipal foi transferida para a Vila de Iconha e, em 1924, por força da lei nº 1428, de 03 de julho, o município passou a chamar-se Iconha. Pela mesma lei, Piúma passou a distrito.
A lei nº 1908, de 24 de dezembro de 1963, criou o atual município de Piúma, com território desmembrado de Iconha. A instalação se deu a 06 de julho de 1964.
Itapemirim
No fim do século XVII, a região do Baixo Itapemirim, habitada por índios goitacasses, mais tarde aproveitados pelos primeiros colonos no cultivo de cana-de-açúcar, já era palmilhada pela gente de Guarapari e pelos frades da Companhia de Jesus, que oficiavam na igreja de Nossa Senhora das Neves, da Muribeca (muru-pecu) (mantimento farto), construída no centro da planície próxima ao rio Itabapoana. Todos, à procura das minas do castelo, afamadas pelo ouro aluvional que se dizia nelas existir em profusão.
Em princípios de 1700, radicaram-se na região do Baixo Itapemirim, vindos da Bahia atraídos pela intensa propaganda feita por Francisco Gil, seu herdeiro Manoel Garcia Pimentel e pelos sucessores deste, Domingos de Freitas Bueno Caxanga e Pedro Silveira, dando início à cultura de cana de açúcar.
Teriam encontrado já alguns colonos, remanescentes de mais antigo colonizador do século XVI. A fazenda e engenho fundados pela família Freitas Bueno Caxanga na zona do Tramirim indígena (nas imediações do porto fluvial, ainda hoje conhecido por “porto do Caxanga”, breve o núcleo de um nascente povoado do Caxanga, como se faria conhecido, foi nascedouro da futura Vila e atual Cidade de Itapemirim.
À família Caxanga, sucederam, na posse dessas terras, cujo domínio se estenderia, com o tempo, sobre as margens do Itapemirim, primeiro o sargento-mor Inácio Pedro Cacunda e, depois, em desbravamento da região.
Ampliaram o engenho já existente, fundaram outro no lugar denominado Belo (depois, fazendinha) e edificaram capela sob o orago de Nossa Senhora do Patrocínio, que serviu de matriz à freguesia, depois Vila, de 1769 até 1825.
A esse tempo, já existia a rústica capela, erigida pelos primeiros proprietários e votada a Nossa Senhora do Amparo, padroeira do atual município, que da matriz de 1825 a 1855, ano em que foi a nova matriz (Nossa Senhora do Amparo), levantada pelo missionário Frei Paulo Antônio Casanovas. Do núcleo que se radicou do Baixo Itapemirim, porto marítimo e bairro da cidade.
À sua chegada, os retirantes do Castelo (Alto Itapemirim) já encontraram o povoado de Caxanga, fundado há várias décadas e dinamizado pelo trabalho das famílias Caxanga, Cacunda, Carneiro e Bueno. Administrativamente, a Vila e a Barra formam hoje uma só cidade, embora sua origem e tradições diferentes as mantivessem, sem como núcleos sociais distintos.
Entre 1789 e 1790, Baltasar Carneiro vendeu sua fazenda de açúcar, a chamada “Fazendinha”, ao capitão Tavares de Brum, proprietário já de extensa área à margem norte do Itapemirim (sogro do sargento-mor Joaquim Marcelino da Silva Lima, depois Barão de Itapemirim).
Para sua maior segurança, Tavares de Brum requereu e obteve, em 1814, do Governo de Portugal, carta de sesmaria para a nova propriedade. Nossa Senhora do Patrocínio para Itapemirim alterado por alvará de 27 de julho de 1815.
A origem topônimo Itapemirim, dado ao rio e, depois à Vila, hoje cidade, prende-se à presença constante de pontões da cadeia da Mantiqueira.
Destacam-se ali o imponente Itabira e, um pouco a nordeste, os picos do Frade e a Freira, sugerindo na mente dos primitivos habitantes a idéia de pedra, Ita (pedra) e, assim, a cachoeira formada pelo leito rochoso do rio; pé (caminho), o trajeto a percorrer por via terrestre, face ao obstáculo; e mirim, a pequena extensão do caminho até a curva do rio.
Marataízes
Marataízes partilha sua origem histórica com Itapemirim, cujo povoamento se iniciou em 1539, quando Pedro da Silveira estabeleceu sua fazenda perto da foz do rio Itapemirim.
Em 1700 chegavam da Bahia Domingos Freitas Bueno Caxangá, Pedro Silveira e outros, que se ocuparam da cultura da cana de açúcar. O município foi criado em 14 de janeiro de 1992, pela Lei nº 4 .619, desmembrado de Itapemirim, e instalado em 10 de janeiro de 1997.
Presidente Kennedy
O município de Presidente Kennedy, tem sua origem na localidade de Muribeca, onde começou verdadeiramente com a chegada dos Padres Jesuítas para catequizar nossa gente.
Ali, foi encontrado índios das tribos Puris, Goitacazes e Botocudos. Os primeiros imigrantes foram: Átila, Vivácqua, Vieira, Ulisses Fontão, João e Sátiro Henrique, entre outros.
O nome original do município era Batalha, sendo, quando de sua emancipação, por sugestão do Deputado Adalberto Simões Nader, então Presidente da Assembléia Legislativa do Estado, em 1964, mudado para Presidente Kennedy.
Sobre a caminhada
Durante a caminhada coletiva oficial, o percurso é realizado em três dias, sendo que o primeiro dia será realizada a confraternização de abertura do evento, divididos nos seguintes trechos:
1º dia: 15/11/18 – Quinta-feira – Centro Cultural de Anchieta
19h às 21h – Abertura do projeto “Caminho do Santuário” no Centro Cultural de Anchieta.
2º dia: 16/11/18 – Sexta-feira – Anchieta à Itaoca – 30km
7h30 – Saída do pátio do Santuário Nacional de Anchieta.
14h00 – Chegada em Itaoca / Programação cultural
3º dia: 17/11/18 – Sábado – Itaoca à Marataízes – 18km
7h30 – Saída da Praça de Itaoca
12h00 – Chegada em Marataízes – Praça Ricardo Gonçalves
4º dia: 18/11/18 – Domingo – Marataízes à Marobá – 19km
7h30 – Saída da Praça Ricardo Gonçalves
12h30 – Chegada na Praia de Marobá / Recepção, entrega de certificados, programação cultural de chegada e confraternização.