O subsídio de R$ 1,8 milhão que a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim quer repassar ao consórcio Novotrans, responsável pelo transporte coletivo no município, também pode ser utilizado para quitar os salários dos funcionários da viação Flecha Branca – empresa consorciada que atua com as linhas urbanas.
“É o que circula entre os trabalhadores”, diz o diretor financeiro do Sindimotorista, Sérgio Santos de Almeida, mais conhecido como Serjão, há 23 anos na função de motorista profissional. O repasse do subsídio ainda depende de aprovação da Câmara Municipal, que tem realizado debates populares antes da apreciação. A justificativa da administração pública municipal é a garantia do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Serjão, com sua experiência na área e conhecedor das demandas viárias do município, apresenta nesta entrevista a sua visão sobre o transporte coletivo, subsídio, o lado dos trabalhadores e a sugestão para um sistema menos oneroso para a população. Confira:
– Há anos, os motoristas enfrentam momentos de atrasos salariais junto ao consórcio que presta o serviço de transporte coletivo em Cachoeiro. Esta situação já se equilibrou? Como está?
Devido à dificuldade financeira pela qual a empresa passa, neste momento atual os salários estão atrasados.
– O subsídio que a prefeitura propõe ao consórcio Novotrans pode garantir o compromisso salarial junto aos funcionários e, de repente, ‘estancar’ as demissões?
A informação que circula entre os trabalhadores é que o dinheiro arrecadado com o subsídio será usado para sanar todas as pendências salariais.
– No geral, qual é a sua visão sobre o subsídio? É positivo ou negativo para a população cachoeirense?
Tudo que vem onerar a população é ruim; ainda mais no atual momento. Mas, pelo outro lado, vejo os trabalhadores sem expectativas de honrar seus compromissos. O povo de Cachoeiro precisar ter essa compreensão: o subsídio não será eterno; é somente por um momento.
– Qual é a sua avaliação sobre a qualidade do transporte coletivo no município?
A topografia da cidade e as vias públicas dificultam em muito a vida dos motoristas em exercer o serviço 100 %. Mas, os profissionais do transporte público estão trabalhando e dando o seu melhor para atender à população, apesar de todas dificuldades.
– Esta alteração no sistema que retirou as linhas entre os bairros levando os passageiros obrigatoriamente para o Centro antes do destino final foi acertada ou ajudou a diminuir o número de passageiros?
Acredito que essas alterações foram mal debatidas com a sociedade e isso gera transtornos ao usuário.
– Qual o modelo ideal de transporte para Cachoeiro, com custo final acessível para o usuário?
Precisamos avançar muito em relação ao transporte público. Não tivemos nenhum avanço. Temos que ter mobilidade urbana, ruas pavimentadas, ponto de ônibus inteligente. Temos avançar com plano de mobilidade urbana voltado para o transporte público e os pedestres, como fazem nos grandes centros urbanos pelo mundo.