“Farei até o impossível para não deixar os alunos sem aula”, diz prefeito de Muqui

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“Não vou aceitar esta covardia com nossas crianças”. O cancelamento do processo seletivo para a Educação em Muqui, ocorrido neste dezembro, causou indignação ao prefeito Renato Prúcoli (PTB), que suspeita, até mesmo, de engenharia política para prejudicar o município.

O petebista tratou desse e de outros assuntos em entrevista exclusiva ao Em Off Notícias. Prúcoli ressalta os investimentos feitos neste ano nas principais áreas e anuncia as ações para 2019; passando também pela relação um tanto conturbada com a Câmara Municipal. Confira a entrevista.

 

Em Off Notícias – Neste período de baixa arrecadação, é comum os municípios recorrerem a recursos de outras esferas de governo. Muqui conseguiu firmar convênios? Quais foram as áreas beneficiadas?

Renato Prúcoli – Com relação a convênio tivemos várias conquistas. Na esfera federal, conseguimos recursos para calçamento, compra de equipamentos para as unidades de saúde e para o hospital, um micro ônibus, ambulâncias, veículos; também, desbloqueamos as contas da Assistência Social. No ano que vem, voltaremos a receber recursos para aquisição de veículos para a Assistência Social, um veículo para a Apae, equipamentos mobiliários para a Educação, um trator para Secretaria de Agricultura, um caminhão caçamba truck e dinheiro para custeio da saúde – além de várias emendas.

Na esfera estadual, firmamos convênio para a construção de uma creche, uma quadra, calçamento no distrito de Câmara, convênio para compra de três veículos, um trator e um veículo para a Agricultura, dois secadores de café, apoio para o carnaval e para o festival de Folia de Reis, recurso para o projeto Criança Feliz e ‘Campeões do Futuro’, retomada da obra do ‘Caminhos do Campo’ de São Luiz, Formoso, Verdade à BR-393. Temos ainda o projeto de implementação do sistema de tratamento de esgoto junto à Cesan e três conjuntos de vigas de pontes para melhorar as vias rurais – dentre outras emendas parlamentares para 2019.

 

– Além do lado cultural, o município tem tradição em sua exposição agropecuária, cujo evento teve a sua 24ª edição neste ano. Como foram os investimentos no setor do agronegócio?

Na Agricultura e Agronegócio, ofertamos cursos para a qualificação dos produtores rurais para fortalecer a renda; apoiando com melhoria de estradas, caixas secas, terreiros. Há ainda serviços de transporte com caminhões e outros nas propriedades, com veterinário. Também apoiamos as agroindústrias e a Feira Livre municipal; além do agroturismo, com as rotas turísticas.

 

– O desemprego alcançou taxas recordes em todo o Brasil. Quais as ações do governo para a qualificação profissional dos jovens e também para atrair novas empresas?

Por aqui não é diferente do país. Também temos muitos desempregados e ainda tem retornado para o município muitas pessoas que foram tentar a sorte em outros estados; voltaram devido ao custo de vida, que lá é maior.

Estamos com vários cursos técnicos gratuitos para qualificar o trabalhador para ingressar novamente no mercado de trabalho, para as funções de costureira, cuidador, auxiliar comercial, secretariado, cozinheiro e minicursos em diversas áreas.

Além disso, também recebemos os investimentos de uma granja e uma fábrica de ração da Cofril, que vai gerar de 50 a 80 empregos para o final de 2019. Muqui está de portas abertas para novos investimentos e fazemos o possível para sua implantação, tanto das pequenas existentes, como para novos investimentos. Há ainda muitas obras públicas que vão gerar em torno de 60 vagas de emprego no ano de 2019.

 

– O município pretende criar a Câmara de Conciliação de Precatórios para agilizar esses pagamentos. Na prática, o que isso trará de benefício para a população?

Comprometemos 9% da nossa receita para os pagamentos de dívidas: há de todos os tipos, desde trabalhista, indenizações até de iluminação pública. Para diminuir os impactos, buscamos conciliar algumas para não deixar crescer mais; para as que estão em precatórios criamos a câmara e negociaremos com desconto de até 40% para os credores que quiserem receber de imediato – assim ajuda o município, os credores e, com o tempo, haverá mais recursos para investimentos em benefício da população. Vale registrar a modernização que fizemos no setor tributário da prefeitura e o lançamento da Nota Fiscal Eletrônica. Em 2019, teremos o Portal do Cidadão, com atendimento online.

 

– Uma das prioridades da administração foi a área da Saúde. Quais foram os investimentos?

Temos vários problemas que se arrastam por muitos anos, desde processo seletivo do PSF até às dívidas do hospital Aluísio Filgueiras. Acertar estas pendências de décadas não é fácil, ainda mais na situação em que o país vive. Temos pessoas de outros estados, principalmente do Rio de Janeiro, vindo buscar tratamento aqui: uma demanda gigantesca de tratamentos dos mais diversos possíveis. Consertamos a nossa frota que estava sucateada; estamos ampliando os atendimentos junto à Rede Cuidar e com o consórcio Sim Pólo Sul; equipando as Estratégias de Saúde da Família (PSF); o hospital Aluísio Filgueiras; reformando algumas unidades e parte do hospital.

Para 2019, haverá melhor estrutura; hoje, não há falta de médicos e atendemos o máximo possível com medicamentos. Ainda temos muitos gastos com algumas internações compulsórias de pessoas com dependência química, o que gera um custo anual de aproximadamente R$ 300 mil – isso, às vezes, dificulta a aplicação de distribuição de medicamentos à população.

 

– E o investimento em medicamentos?

O gasto anual com compra de medicamentos é de R$ 250 mil para a farmácia básica. Só lembrando que, diferente de outras cidades, o hospital Aluísio Filgueiras é todo custeado com recursos do município.

 

– A saída dos médicos cubanos do Brasil teve impacto no município? O que a prefeitura fez para reverter o quadro?

Não, a saída dos cubanos do país não afetou o município. A médica cubana que tinha saiu no início do meu mandato. Ainda temos dois médicos do programa Mais Médicos e todas as nossas equipes estão completas – quando assumi, das cinco unidades só tínhamos dois profissionais.

 

– Quais foram os investimentos na área da Educação?

Capacitamos professores, investimos em mobiliário (em 2017, faltava carteiras escolares; hoje, temos com sobra: compramos 270 conjuntos), ampliamos a oferta na merenda escolar e faremos o mesmo com as linhas do transporte escolar. Informatizamos alguns setores e trocamos computadores em algumas escolas; entregamos a escola Marcondes de Souza, (obra que ficou paralisada quase 8 anos).

Já podemos reestruturar na educação local e fazer parte do Paes, programa do governo estadual de direcionar os atendimentos. Com isso, em 2019, receberemos uma Escola Viva (tempo integral) e haverá separação nos níveis educacionais: o município fica responsável pela Educação Infantil e Fundamental 1 e 2; o Estado, com Fundamental 2 e Médio e educação de jovens e adultos (supletivo). Vamos avançar muitos nestes anos que virão. Nossa preocupação com a educação é grande, fizemos alguns reparos na rede física e ainda faremos mais. Buscamos restruturar a rede municipal, ampliando o número de vagas da Educação Infantil e Fundamental; tivemos a grande conquista junto ao governo do Estado para construção de uma creche para ampliar o atendimento em 90 vagas para 2020, a obra está em andamento.

 

– Muqui é um dos poucos municípios que preserva o carnaval de cunho cultural. O que os turistas e a população local podem esperam deste evento em março?

Todos que aqui vem ficam encantados com nossa arquitetura, cultura e povo acolhedor. Incentivamos todos as manifestações culturais, artísticas e turísticas, temos em média um evento por mês: isso traz emprego e renda para a nossa população. O carnaval não é diferente. No último, tivemos fluxo de mais de 25 mil pessoas nos quatro dias de carnaval, somente com a apresentação dos ‘bois pintadinhos’ (18 grupos) na avenida Central. Não tivemos nenhum incidente, tudo na maior tranquilidade. Em 2019, será excelente novamente.

 

– Como o senhor avalia a relação com a Câmara Municipal neste ano?

Tinha uma relação muito boa; mas, realmente, não sei o que aconteceu. Agora, no final de 2018, alguns vereadores começaram a fazer politicagem. Como já disse, tivemos muitas conquistas e recebemos muitos investimentos. Não tínhamos orçamento preparado para estes recursos extras, então tive que pedir suplementação para fazer a contabilização das dívidas pagas e acréscimo dos novos investimentos. Solicitei 15% de suplementação e a Câmara em um ato de insensatez só aprovou 7%. Foi muito esforço para conquistar estes recursos; alguns não tive como aplicar este ano e terá que ficar para 2019, devido à falta de dotação orçamentária.

Tentei dialogar com alguns (vereadores), mas, nem me ouviram, pensaram só na política e não na população. Não faço política na base do ‘toma aqui dá lá’. Temos alguns vereadores que sabem a diferença de agradar o prefeito e atender a população. Tinha que acelerar o ritmo de obras e compras, só que tivemos que frear para poder acertar as questões das dívidas e a folha de pagamento de dezembro. Também travaram as dotações para o próximo ano com a liberação de só 10% de suplementação. Mas, ainda tenho diálogo com os vereadores, vou sempre buscar dialogar, só não espero que eles antecipem as eleições de 2020 para o ano que vem.

 

– O que os moradores podem esperar de investimentos para 2019?

Vamos continuar fazendo investimentos na saúde, educação, infraestrutura, social e cultura. Tenho muita esperança nos novos governantes, acredito que continuaremos a trazer investimentos externos para a cidade e o campo. Sei que todos estarão ajustando a ‘casa’; mas, mesmo assim, sempre tem algo bom para trazermos para o município. Vou buscar as parcerias para vivermos um novo tempo em Muqui. Neste ano, entregamos 42 residências à população de baixa renda, toda custeada com recursos próprios. E instalamos uma torre de telefonia móvel na comunidade de Santa Rita.

 

– O processo seletivo para a Educação foi cancelado. O que levou a isso?

Fiquei muito triste. O sindicato que era para defender a classe trabalhadora acabou prejudicando. Todos os municípios e, até mesmo, o Estado faz processo seletivo. Alegaram que deveria ser concurso público e que não tinha o número de vagas e salários. Estamos em um momento tão aguardado, que é a reestruturação da educação local. Ainda não sabemos como ficarão os números de vagas e se as escolas atenderão todas as demandas. Para isso, temos que esperar o ano letivo começar – só sei que não pode ficar nenhuma criança fora da sala de aula.

O processo tem que ocorrer agora, devido ao decurso de prazo e as férias dos profissionais. Não sabemos ao certo o número de vagas para cada atividade. Isso é normal se formos verificar outros editais, como os dos nossos municípios-irmãos Jerônimo Monteiro e Atílio Vivácqua; até mesmo, o Estado não tem o número de vagas. Com relação ao salário é o que pagamos a magistério, não tem para onde correr. Quanto à determinação de aplicação de concurso público, eles estão se embasando em posicionamento do Tribunal de Contas (TCES), de 2010, que determinou que o então prefeito aplicasse concurso público caso quisesse efetivar os funcionários do PSF. Esta mesma determinação já foi até revogada pelo TCES. Da mesma forma que aconteceu agora ocorreu com o processo seletivo da Saúde: fora suspenso e, agora, liberado para que façamos o processo de provas para as contratações.

Lamento muito a atitude do sindicato e até mesmo da justiça. Não deveriam fazer da forma que fizeram. O edital foi publicado, as inscrições abertas e o resultado divulgado – somente às vésperas do recesso do judiciário, eles entraram pedindo a suspensão, não tivemos nem o direito de defesa. Só sei que farei o possível e o impossível para não deixar os alunos do município sem aula, mesmo que isso me prejudique no futuro – não vou aceitar esta covardia com as nossas crianças.

Também está muito claro para mim a jogada polícia por trás desta atitude do sindicato: o presidente está sendo manipulado por candidato a prefeito derrotado nas eleições anteriores. É aquela velha história: não consegue ganhar na disputa limpa, então tenta derrotar no tapetão – mesmo que prejudique o município, pensam somente no ego e em nada mais.

 

– Qual a mensagem que o senhor deixar para a população de Muqui?

Gostaria de desejar ao muquienses e todos os capixabas um feliz Natal. E que para o ano de 2019 possamos realizar tudo o que sonhamos e acreditamos. Aproveito para desejar aos nossos novos governantes muita fé e sabedoria em seus propósitos, pois eles são a esperança de nosso povo. Que Deus nos abençoe e ilumine!

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