O mínimo que a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim deveria fazer diante do episódio ‘indigesto’ da diligência da Polícia Federal dentro do Centro de Manutenção Urbana (CMU) era convocar a imprensa para entrevista coletiva com o prefeito Victor Coelho (PSB), mesmo se fosse para ele expressar a incompreensão de não ter o município citado entre aqueles com indícios de fraudes em licitações para a compra de merenda escolar.
Uma operação da PF, na medição da dose, não se iguala a críticas rotineiras em redes sociais e grupos de aplicativos de celular. O que está à tona, no geral da ação policial, é desvio de recurso público e fornecimento de alimentos que colocam em risco a saúde das crianças – já que há indícios de entrega de produtos com prazos vencidos.
Até o momento, para a prefeitura cachoeirense, a situação é ‘saudável’ para o prefeito Victor Coelho (PSB) falar abertamente para a população que o seu governo está disposto a colaborar com as investigações. Afinal, a administração foi isenta do alvo – pelo menos no ‘papel’ -, diante da própria declaração da Polícia Federal.
O fato dos agentes federais vasculharem o almoxarifado onde ficam os alimentos adquiridos, lá no CMU – sem que houvesse mandado de busca e apreensão (é a informação que nos transparece) -, já é motivo de o governo manifestar descontentamento; e não o inverso, que pode espreme-lo ao consentimento perante aos olhos alheios e, principalmente, opositores.
Afinal, na ausência de indícios e de suspeitas de crimes quaisquer, o que restam em uma situação dessas são o constrangimento e a corrosão política: principalmente, quando se deixa à revelia o julgamento popular.