Novato no PSB, partido do governador Renato Casagrande e local onde conquistou a maior votação para permanecer na Assembleia Legislativa (47.015 votos), o deputado estadual Sérgio Majeski já encontro certo desconforto por lá. Ele acusa manobra advinda do ninho socialista para isolá-lo politicamente.
Nos bastidores, acredita-se que o possível movimento contra Majeski teria ligações com as eleições para a prefeitura de Vitória, que seria de interesse do deputado – porém, o palácio Anchieta teria outros nomes como prioridade.
Em entrevista exclusiva ao site Em Off Notícias, Sérgio Majeski discorre sobre a origem deste imbróglio político, que ocorre em apenas três meses após a posse.
– Ainda no seu primeiro mandato, o senhor foi um dos poucos parlamentares a ocupar a oposição e expôs situações inerentes quando um governo tem a maioria no parlamento. Desta vez, elegeu-se no mesmo partido do atual governador e também acusa isolamento. O que acontece nos bastidores que o fez identificar esse ‘fogo-amigo’?
Sérgio Majeski: Na época da formação das comissões da Assembleia Legislativa, pessoas do governo ajudaram a trabalhar para eu não ser o presidente da Comissão de Educação. E recentemente, com a instalação da CPI proposta por mim, que envolve as empresas Vale e ArcelorMittal, há fortes indícios que o governo também tenha contribuído para eu não assumir a presidência, nem a relatoria dos trabalhos, dentre outros fatores.
Quais os pontos na relação do senhor com o governo que considera destoantes dos acordos feitos e/ou da linha ideológica que defende?
Não tenho nenhum tipo de acordo com o governo. Não fiz isso no governo passado e também não faria com o atual. Minha atuação é baseada na transparência e no republicanismo, e espero reciprocidade. É simples!
Sendo a Educação a sua maior bandeira, como avalia a condução nesta área da administração estadual?
Ainda é cedo para avaliar. No ano passado, antes do novo governo começar, apresentei ao atual secretário de Educação um relatório amplo, produzido a partir das visitas técnicas que realizei em 257 escolas da rede estadual e do trabalho e vivência no setor. Sempre estamos propondo ações e melhorias, temos disposição para contribuir. E é importante destacar que vou continuar lutando para a reabertura das escolas e turnos, bem como para a aplicação dos 25% previstos na Constituição e para o cumprimento dos Planos Nacional (PNE – 2014/2024) e Estadual de Educação (PEE – 2015/2025). Inclusive presido na Assembleia a Frente Parlamentar em Defesa do Cumprimento destes planos. O desafio é resolver a precariedade das condições de trabalho e a questão salarial dos professores; a falta de oportunidade e de incentivo para a qualificação destes profissionais; e as deficiências na infraestrutura e nas condições para acesso e permanência dos alunos nas escolas.
Considerando o seu mandato, há harmonia dentro do PSB no diálogo quanto aos seus votos na Ales, proposituras e posicionamento? Se não, o que te desagrada?
Sou novo no partido e nunca participei de reunião para avaliar esse tipo de questão. Acredito que minhas atitudes e ações devam desagradar alguns, mas não sou corporativista e me norteio pelas obrigações do meu cargo, de acordo com a Constituição, e pelos interesses da sociedade. É uma conduta que não abro mão. Sempre votarei com o governo nas propostas que favorecem o cidadão. Do contrário, não terei constrangimento algum em defender minhas posições e votar de acordo com minhas convicções.
A abertura da janela partidária no próximo ano terá utilidade para o senhor? Ou seja, pretende sair do PSB?
Essa é uma situação que ainda não está em avaliação. Há muito trabalho a ser feito. Não pensei nisso. Definitivamente a questão partidária não é uma prioridade. Os políticos e os detentores de cargos públicos, eletivos ou não, devem se preocupar em trabalhar e promover as transformações que atendam aos anseios da sociedade.
O senhor mantém a mesma defesa em relação aos investimentos na Educação e isso, em determinada parcela, levou-o a ser o mais votado no último pleito. Acredita que uma suposta ‘contramão’ do governo nesta área – perante à sua ‘tese’ – pode causar efeito eleitoral reverso à administração socialista?
É importante deixar claro que não se trata de uma simples tese. A obrigatoriedade do investimento de 25% do orçamento na Educação faz parte da Constituição, caso contrário a Procuradoria Geral da República não teria aceito minha denúncia e entrado com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. Quanto ao efeito disso na administração do novo governo, é cedo para avaliar. Espero sinceramente que o governo cumpra a Constituição. A Educação carece e muito de investimentos e retirar um recurso que é obrigatório, causa estragos permanentes. De 2011 até dezembro de 2018 o rombo já era de R$ 4,438 bilhões.