Atrás das ‘cortinas polêmicas’ que envolvem a transferência da maternidade da Santa Casa Cachoeiro para o Hospital Infantil ‘Francisco de Assis’ (Hifa) há uma realidade, em efervescência, que poucos sabem: mais de 650 partos já foram feitos de janeiro até abril deste ano – sem nenhuma intercorrência registrada. Todos esses procedimentos aconteceram na nova estrutura do ‘Infantil’, no bairro Sumaré.
A maternidade do Hifa conta com 30 leitos e disponibiliza equipe com 14 obstetras. Equipamentos e demais utensílios sustentam a sensação de serem ‘quartos’ garantidos por planos particulares de saúde.
A reportagem esteve lá, visitou os setores que foram readequados (a área administrativa foi substituída pela a assistencial) e conversou com o superintendente Jailton Pedroso.
Na entrevista exclusiva, além deste contrato provisório com o governo do Estado, foi abordada a aguardada abertura do ‘Hospital do Aquidaban’ (novela que se arrasta há 15 anos) – local que é a meta prioritária para o atendimento completo às gestantes.
Jailton não titubeou na afirmação: “a nossa esperança é o governador Renato Casagrande”. A seguir, será possível saber da oferta futura no imóvel do Aquidaban, o que falta, o que aconteceram com aquelas emendas parlamentares anunciadas pelos deputados capixabas, dentre outros assuntos. Boa leitura!
Em Off Notícias – Como é o atual contrato entre o Hifa e o governo do Estado para a assistência via maternidade?
Jaílton Pedroso – É um contrato provisório. Temos estrutura digna e ideal para as mães. Hoje, há 30 leitos de obstetrícia; o anterior (Santa Casa Cachoeiro) não tinha esta quantidade (em torno de 18). Ofertamos mais do que o governo do Estado nos solicitou. Montamos a estrutura e adequação em três meses; tiramos toda a parte administrativa do prédio e substituímos pela a assistencial, dando espaço à mãe e à criança.
Este contrato está honrando com os pagamentos e é provisório até que fique pronto o hospital no bairro Aquidaban. Lá, é uma política do governo federal e estadual, que, em um momento, terão que se entender para que possa haver serviço atuante para a gestante. Mas, no que se refere ao risco habitual, que é a nossa responsabilidade, não tem nenhuma pendência. O que tem montado hoje é de primeira linha: serviço com resolutividade, qualidade e humanização na assistência.
Agora, o ideal é que tenha um só serviço de risco habitual e alto risco num único lugar – que é a esperança de ter no ‘Hospital do Aquidaban’.
– Sobre a quantidade de leitos. Pelos números ditos, é quase o dobro do que havia na Santa Casa. Isso quer dizer que antes havia uma demanda reprimida?
Tinha. Porque, na região, na margem de sete municípios, realizava-se partos de maneira inadequada. Hoje, eles têm a possibilidade de encaminhar esses pacientes para cá, pois há leitos disponíveis para atendê-los. Não existe impedimento por falta de vaga para esses sete municípios que são de nossa responsabilidade. Essas cidades não precisam mais investir em maternidade, que é algo muito caro e que tem que ser feito em um só lugar para melhorar a assistência.
– O que definiu esses sete municípios como responsabilidade do Hifa?
O que definiu foi a Secretaria de Estado de Saúde, a partir da área de abrangência do serviço de risco habitual.
– São quais municípios?
Presidente Kennedy, Atílio Vivácqua, Muqui, Mimoso do Sul, Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta e Jerônimo Monteiro.
– Qual é a demanda atual na maternidade?
Estruturamos serviço para atender de 180 a 200 partos por mês. Realizamos em torno de 160, 170.
– Inaugurando o hospital no imóvel do bairro Aquidaban, a estrutura será a mesma?
Não. Hoje, já realizamos mais de 650 partos (de janeiro a abril). No Aquidaban, é outra estrutura. É um hospital muito mais amplo. Vai ter apoio para a mãe que vem de fora e famílias que são de outros municípios.
– Isso que queria perguntar: vai aumentar os serviços e manter os sete municípios?
Lá será para 26 municípios. Vai ser hospital referência para risco habitual e alto risco: é a união de uma só maternidade na cidade. A gente deixa de servir sete e passa a assistir 26 municípios, onde a mãe também terá serviço intensivo de apoio a quaisquer intercorrências. Local voltado para atender evento inesperado grave no período gestacional.
– Quais são esses serviços?
Gestação de alto risco e os problemas correlatos ao período da gestação: hiperêmese gravídica, pressão alta, diabética – todas as patologias relacionadas serão atendidas num único lugar. Hoje, como funciona: risco habitual é com a nossa estrutura; alto risco, com o Hospital Evangélico (Heci). No Aquidaban, o foco será na criança, onde terá unidade intermediária; unidade de apoio à mãe após o parto; à genitora que vem de fora; vai ter a casa da gestante para ela ficar, para não ter risco de ir e voltar de um município a outro.
– E como está a tramitação para enfim abrir as portas do hospital do Aquidaban?
Está aguardando a verba. Estamos com o processo montado, projeto estruturado e aprovado pelos órgãos competentes. Espera-se a verba do governo estadual e o apoio do governo federal.
– Mas, foi noticiada emenda da bancada federal…
Mas, essas emendas parlamentares junto ao governo federal não ‘casam’ com a necessidade. Quando foram liberadas, o projeto não estava no momento de aprovação – ainda precisava passar pelos trâmites legais junto ao Ministério da Saúde. Agora, o projeto está pronto e precisa adequar com as verbas.
– Então, a emenda foi perdida?
As emendas de bancada se não forem cadastradas no ano elas são perdidas. E elas nem foram cadastradas, porque o projeto não chegou a ter aprovação pelo Ministério da Saúde. Há dois anos, foi anunciada emenda de R$ 14 milhões e ela não se sustentou, porque não se vinculou ao período da obra. Havia a emenda, mas não tinha projeto para ser executado. Este documento passa por muitas etapas no ministério. Elas já foram superadas e chegou a hora do financiamento. Agora, é o momento de fazê-lo. Acreditamos que o governo de Renato Casagrande (PSB) vai resolver isso de uma vez por todas e dar o fechamento ainda neste ano.
– Qual é a quantia necessária para colocar o novo hospital em funcionamento?
R$ 21 milhões, a obra. Vamos aproveitar basicamente a parte estrutural, porque a de acabamento não será aproveitada. A cobertura é terrível, na questão térmica; alguns ambientes, rampas etc. Esperamos ter posição favorável do governo Casagrande. Nossa esperança é o governador ouvir este nosso grito.
– Vocês já fizeram o levantamento do valor da nova contratualização com o Estado?
Não. Estamos conversando esta etapa com a Secretaria de Estado de Saúde. Até porque a obra levará dois anos; então, tem muito tempo para programar isso.
– Quando houver a mudança, como será aproveitado o atual espaço?
Este espaço foi adaptado e será dedicado à criança. Lá, é maternidade só para até 29 dias. Então, a criança que estará lá é chamada de neonata, do período neonatal. Após 29 dias, ela continua sendo tratada no Hospital Infantil. Seremos um hospital muito especializado, voltado para especialidades e sub-especialidades da pediatria, neuropediatria, cirurgias pediátricas, hemoterapia etc.
– A transferência da maternidade da Santa Casa Cachoeiro para o Hifa chegou a gerar polêmica pontual. Gostaria que o senhor falasse qual a garantia que as gestantes da região têm com este atendimento sob a gestão do Hospital Infantil?
A garantia é que temos um serviço estruturante, resolutivo, médicos com reconhecida habilidade e capacidade técnica, equipe de enfermagem voltada para a humanização ao parto adequado. É um hospital voltado para atender aos protocolos do Ministério da Saúde; não existe amadorismo. Os resultados nestes primeiros quatro meses foram extremamente importantes: chegamos a mais de 650 partos sem intercorrências – nenhuma por estar fora de hospital geral. Temos os serviços complementares de atenção à gestante do período pré-natal e à criança após o nascimento. Temos certeza do que estamos fazendo e as polêmicas ficam para quem é polêmico. Não queremos entrar nesses detalhes, porque o nosso lema é trabalhar.