A pandemia do coronavírus não só esvaziou os bolsos e reduziu as receitas das contas bancárias dos brasileiros como também os discursos eleitorais, próprios do ano, foram simbolicamente impedidos pelas máscaras que combatem a transmissão do vírus.
Em Cachoeiro de Itapemirim, os bastidores políticos parecem, desde a enchente do rio Itapemirim do último janeiro, o primeiro round de uma luta de boxe: muito estudo e poucas tentativas de golpes.
O risco iminente do agravamento da nova doença e a situação econômica beirando ao desespero não permitem que a população pense em política. E não se faz política desassociado do povo.
A classe política, em sua ala mais experiente, adotaram a cautela. O coronavírus ameaça, até mesmo, a própria alcunha de ‘ano eleitoral’. Ou seja, a eleição não é um evento garantido para 2020.
E, nessa incerteza, há aqueles que não descartam a possibilidade de um mandato tampão de dois anos e a oportunidade de compor com governo. E também quem deseja que todo o ônus econômico consequente das medidas restritivas, que ocorrem em todo o mundo, caia no colo dos mandatários e, com isso, tenham facilidade para disputar contra a ‘máquina administrativa’.
A movimentação nos bastidores existe, porém de forma fria comparada com outrora. Os brasileiros estão focados nas contas em aberto, na prorrogação e isenção de taxas e tarifas, nos boletos que continuam chegando, na aprovação junto ao auxílio emergencial, em como sobreviver sem o emprego recém perdido, na falta de garantia de dias melhores.
E com todos os países reféns de um inimigo invisível já está claro que a cura não sairá das urnas. Então, como um político pode se apresentar como solução? Caso insista, apresentará ao povo um caminho fora da real urgência.
Os partidos devem aproveitar o momento de crise para avaliar as carências de oferta de serviços, principalmente na área da saúde e da assistência social para confeccionar seus planos de governo.
É preciso entender que a escalada das prioridades deve sempre partir da preservação da vida humana. Pois todo o sacrifício, todo isolamento e todo velório ‘vazio’ é para que não haja mais perdas de vidas. A esperança é de que a política recupere o seu lado humano e divino após essa crise sanitária, e que seja definitivamente a única forma de realizar a transformação necessária para todos com atos singelos.