Por Gabi Prado
História nunca foi a minha matéria preferida. Demorei um pouco para compreender a real necessidade de se estudar, desde o Ensino Fundamental I, essa matéria cheia de causos e toda a sua importância. Afinal, eram tantas guerras e revoluções que assolaram a humanidade, muitas ocasionadas pela ânsia do poder, que me sentia completamente perdida diante de todas as datas cobradas com rigidez nas provas.
Hoje, depois de me desemaranhar das teias que me prendiam a tantas datas e me impediam de visualizar o todo, entendi que História trata das interações sociais na construção do presente. É o aqui e agora. É sobre como nós escolhemos escrever a respeito daquilo que nos constrói e nos caracteriza como seres sociais. É a nossa voz para quem nos lê aqui, agora e nos lerá depois.
Eu nunca imaginei vivenciar a maior crise sanitária e hospitalar da história do Brasil no auge dos meus 27 anos (uma crise mundial, diga-se de passagem). Acreditei durante muito tempo que pandemia era coisa do século XIV, quando as condições de higiene e habitação eram tão precárias que propiciavam o surgimento e a disseminação de doenças letais – como a peste negra, que dizimou um terço da população europeia. Mas a minha crença caiu por terra.
Apesar de todos os avanços que nos promovem seres globais, orgulhosos pelo desenvolvimento de tantas tecnologias que facilitam a vida do sujeito moderno e virtualizam suas relações interpessoais, outros aspectos importantes que nos solidificam estão sendo gradativamente esquecidos, quando pensamos de maneira macro nessas relações interpessoais. São eles: a empatia e o senso de coletividade.
Às vezes; tenho a impressão de que todos nós fazemos parte do elenco de um filme Hollywoodiano em que o vilão e o mocinho não estão muito bem definidos, mas os dedos estão apontados para aquele que pode ser o seu maior e o seu pior beneficiador. Assim, definimos os papeis e roteirizamos a cena seguinte: o manifesto do trabalhador pelo seu direito de trabalhar em meio a pandemia da COVID-19 que matou mais de 284 mil brasileiros em um ano. Ação!
A História que começamos a escrever em 2020 e se estende até hoje tendo como protagonista o novo coronavírus e a maneira como cada nação escolhe combater ao vírus nunca foi um capítulo sobre a individualidade do ser. Sabe quando Deus diz, no primeiro mandamento, que devemos amar ao próximo como a nós mesmos? A empatia e o senso de coletivo configuram essa coisa que Deus falou sobre amar o próximo. À quem você serve?