A beleza é um mito

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Por Gabi Prado

 

A falácia social na qual estamos submersos tomou conta dos meus pensamentos nos últimos dias. Temos encarado rotineiramente a face mais lavada da estupidez humana. Ao mesmo passo em que pautas importantes ganham espaço para debates e questionamentos de suma importância a respeito da maneira como temos lidado com as diferenças alheias; a intolerância, a falta de empatia e o desrespeito se revelam cada vez mais cruéis.

Senti-me exausta. Esgota. Sem ânimo para manifestar nada, nem um bocejo de tédio sequer. Foi quando me deparei com um vídeo postado no Instagram que tocou algo sensível dentro de mim. Transbordei. Longe de ser um vídeo fofo de animais que nos dispersam de nossas angústias e trazem certo alívio ao coração; o vídeo trata, com uma abordagem artística e poética, da imposição estética que recai sobre a mulher.

Voltei a minha atenção para a Gabriela de 7 anos de idade, cheia de frustrações a respeito de sua imagem. Não tinha o cabelo que gostaria, a cor dos olhos que gostaria, nem a cor de pele que gostaria. Passava horas em frente ao espelho se perguntando o porquê de ser daquele jeito e numa tentativa falha de tentar corresponder ao seu imaginário primário do que seria belo, colocava uma toalha na cabeça como simbologia ao cabelo liso que sonhava um dia ter.

Posteriormente, alisou o cabelo, comprou as mesmas peças de roupas das amigas para se sentir parte de alguma coisa que ela mal sabia o que era, adquiriu as primeiras maquiagens e, ainda assim, vislumbrava insatisfação quando se colocava diante do espelho… aquele reflexo não era dela. Apesar de todos os artifícios e tentativas de corresponder àquela beleza que assistia o tempo todo na TV e almejava, Gabriela não se reconhecia.

Foi necessário escutar os meus instintos, sair da minha bolha social, buscar novas referências e outras formas de troca interpessoal para, finalmente, amar cada pedacinho desse corpo que torna minha existência possível – da maneira como ele é. Assim expandi: entendendo quem sou e compreendendo que o mundo ainda não está preparado para abraçar todas as múltiplas formas do ser que passeiam sobre seu solo.

As tentativas de padronização são inúmeras e sutis. Esteja atenta. A beleza é um mito.

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