Coluna Cíntia Mattos
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300 mil mortos no Brasil
Como bem frisou nessa semana a Jornalista Anete Lacerda, a pandemia já matou no Brasil o equivalente à população total de Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Atílio Vivácqua, Presidente Kennedy e Alegre. Governadores e Prefeitos de todo o país começam a endurecer as restrições de funcionamento do comércio e demais setores. Há, decerto , uma insatisfação geral da população ao ver sua liberdade cerceada e daí surge mais que rapidamente a busca pelos culpados. Sim, eles existem e são muitos e envolvem desde políticos incompetentes até parte da população inconsequente.
Diante de tantos mortos, a reflexão que faço é para ao invés de olharmos para os outros, olharmos para nós e nos questionarmos: “O quanto a minha postura nesses meses contribuiu para a piora da situação da pandemia?”. Sim, e muitos, assim como eu, respeitaram todas as medidas preventivas. Mas, para além disso, faça uma outra pergunta: “O quanto a minha postura nesses meses contribuiu para a melhora da situação pandemia?”. Sim, em um momento tão difícil como este, não basta somente fazer a sua parte, é preciso também contribuir com os demais que estão no mesmo mar tempestuosa, mas não, necessariamente, no mesmo barco, com o mesmo conforto ou condições que você.
Para essa semana de quarentena no ES, faça além da sua parte. Ajude com outros pessoas como puder. Doe alimentos, máscaras, materiais de higiene e itens que não usa mais. Acolha as pessoas com uma palavra de fé e esperança. Estamos todos com a saúde mental em migalhas. A sua doação ao próximo não precisa ser apenas financeira, pode ser apenas uma palavra que naquele momento diga à ele que alguém se importa, que ele é extremamente importante.
No Sul do Estado, entidades como a Rochativa, @rochativa no Instagram, e Projeto Semear Esperança , @semearesperanca, podem te auxiliar caso não saiba por onde começar. Nesse momento triste, eles estão executando um importante trabalho de doação para famílias que realmente precisam.
Reflita e, antes de protestar nas redes sociais ou nas ruas, tenha a consciência tranquila que você fez sim a sua parte.
Em Cachoeiro de Itapemirim, Câmara Municipal se dedica à projeto nulo
A Câmara Municipal não tem poder para desfazer um decreto estadual. Nem o Prefeito. É aprovar em um dia para ser notificado no outro e o projeto de lei cair por água baixo.
Nessa semana, nossos legisladores já informados sobre isso aprovaram um projeto de lei para impedir a quarentena na cidade. Para apoiar os empresários? Pode ser e, sim, esse apoio é necessário. Mas, poderiam se solidarizar aos empreendedores cachoeirenses de outras formas menos custosas e mais efetivas e não precocemente fadados ao fracasso. Digo custosas, devido ao tempo que assessores, vereadores e outros servidores gastaram para aprovar o não aprovável.
Exatamente no dia 09/07/20, os setores de bares, academias e eventos foram chamados para a 1° reunião com as autoridades locais a fim de debater nosso fechamento total e não parcial. Depois de 4 meses. Depois de 4 meses, vou repetir. Nem Câmara, nem instituições, nem Prefeitura. Ninguém nos procurou nesse período para conversarmos sobre o que poderíamos fazer para encontrarmos uma solução juntos.
Nesse dia, questionei sobre o fato de que as pessoas que não usavam máscaras e se aglomeravam não eram multadas e punidas e enfatizei que, como mãe, filha e empresária me sentia desrespeitada pois estava há meses com -90% de faturamento, sem pagar tratamento para o meu filho autista, com minha mãe isolada sozinha essas pessoas ficando doentes, aumentaria o risco da cidade e, nós, continuaríamos fechados e reclusos. Na ocasião, falaram que iam apresentar o projeto. Não fizeram até hoje.
Lei que não tem punição e fiscalização incentiva a impunidade. A conta é simples. Uns olham os outros impunes curtindo à vida e vão lá também fazer o mesmo. E aí estamos nessa situação agora. É punir um que os demais começarão a respeitar também as normas.
Definitivamente me compadeço da situação dos comerciantes que foram às ruas e entendo a indignação deles. Sei na pele, pois passo por isso há 1 ano. Não estou falando enquanto recebo o meu salário certo no final do mês. Acredito, porém, que propor leis possíveis, como a que citei acima, seria mais honesto com eles e todos nós.
O debate sobre o uso de medicamentos do chamado ‘Kit Covid”
Muito está sendo debatido sobre a eficácia ou não de vários medicamentos no tratamento da Covid-19. No meio disso, desde opiniões à favor à opiniões contras e, claro, muitas fakes news para embaralhar ainda mais a mente da população.
Nessa semana, em meio à casos de mortes atribuídas pelo mal uso desses medicamentos, o Médico César Eduardo Fernandes, Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), afirmou em entrevista, que a autonomia do médico não lhe dá direito de preescrever remédios ineficazes: ” O princípio que eu acho válido, que merece todo o nosso respeito, é dar autonomia de decisão ao médico. Mas, essa autonomia não lhe dá, a meu juízo, o direito de fazer uso de medicações que não tenham eficácia”, afirmou Fernandes.
Algumas pesquisas que comprovam a inexistência de benefícios no uso desses medicamentos já estão disponíveis:
- No início de maio de 2020, um estudo feito nos Estados Unidos mostrou que a hidroxicloroquina não melhorou o quadro de pacientes hospitalizados com Covid-19. O artigo foi publicado no “New England Journal of Medicine”.
- Também em maio de 2020, uma pesquisa feita na China mostrou que o remédio não funcionava em casos leves a moderados. O estudo saiu no “The British Medical Journal”.
- Em junho de 2020, uma pesquisa com 821 pacientes mostrou que a hidroxicloroquina também não funcionava para prevenção da Covid-19. Também foi publicada na “The New England Journal of Medicine”.
- Em julho de 2020, quatro dias antes da publicação da primeira nota, uma pesquisa feita nos Estados Unidos reforçou o achado de que a hidroxicloroquina não funcionava em casos levesde Covid; publicada na “Annals of Internal Medicine”.
- No mesmo dia, um ensaio coordenado pela Universidade de Oxford associou a hidroxicloroquina ao agravamento de casos de Covid-19 e mortes.
- Ainda no mesmo mês, no dia 22, dois novos estudos publicados na ‘Nature’ mostraram que a cloroquina e hidroxicloroquina são ineficazes.
Finalizo com duas afirmações. Uma que li nessa semana e diz que médico não é cientista para comprovar a eficiência de um medicamento. Para isso, existem estudos científicos e protocolos pré-estabelecidos antes que o medicamento seja indicado e disponibilizado para uso da medicina. A segunda afirmação é minha, eu não tenho a mínima capacidade científica, nem mesmo conhecimento técnico, para rebater essa ou aquela opinião pessoal. Mas, com certeza, e exatamente pelo meu desconhecimento, fico à favor da ciência e daqueles que tem competência na área.