E o perdão da sociedade, Ferraço?

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Junto com sua esposa, a deputada federal Norma Ayub (DEM), o deputado Theodorico Ferraço (DEM) foi coautor de evento em Cachoeiro de Itapemirim onde faz coro com as esposas dos policiais militares a um pedido de perdão diante das severas penas que os então aquartelados poderão sofrer.

O mais interessante é que o casal Norma/Ferraço escolheu para fazer o evento o mesmo palco (auditório da Acisci) que é utilizado para as lamentações dos empresários, que, estes sim, por estas bandas, foram as principais vítimas do embate entre Polícia Militar e o governo do Estado.

Só faltaram comparecer ao evento os familiares das mais de 200 pessoas mortas no período, número este que poderia ter sido menor sem as consequências da batalha travada entre as duas forças por mais de 20 dias.

Já conversei com alguns empresários do município e é difícil ter um que passe a mão na cabeça da PM ou do governo – ambos que pecaram por excesso, esticando uma corda que estourou, obviamente, do lado da sociedade. Claro que toda greve tem esta finalidade; o que assegura também o direito de haver ou não insatisfação.

Ferraço e Norma querem que o governo federal – a investigação e o julgamento dos militares foram federalizado – não apliquem a lei diante daquilo que for apurado, utilizando, até mesmo, menções bíblicas para a defesa (70×7) – como se tivessem um currículo devoto ao perdão.

Tentando entender o raciocínio político-religioso, fico imaginando se todos os envolvidos no episódio da ‘greve’ da PM também serão vistos pelo casal como filhos de Deus. Nesta linha, é preciso exercitar a bondade para fazer com que os eleitores insatisfeitos perdoem o governador Paulo Hartung (PMDB) na hora de votar em 2018, seja lá o cargo que ele irá se candidatar.

Pedir, de joelhos ou não, à Polícia Civil que livre por completo de um inquérito aqueles cachoeirenses que tiveram um ‘desvio de caráter’ ao ver a facilidade de invadir uma loja e furtarem. O mesmo ao juiz quando o processo chegar ao fórum, caso não haja sucesso junto ao inquérito.

Convencer os empresários, principalmente aqueles que não têm mais condições de retornarem ao mercado – com sérios prejuízos na renda familiar -, a perdoarem a PM e o governo do Estado pelo festival que teve como principal atração a vulnerabilidade da integridade da população.

Pedir perdão a todos os cachoeirenses, falecidos (em oração) ou não, que elevaram o nome da cidade culturalmente e que, por 20 dias, viram a imagem do município ser arranhada por um prego que tentou cunhar palavras como “terra de ladrão”.

De repente, existe esta intenção por parte dos parlamentares. Pode ser até que a comoção destas ‘bandeiras’ tenha retorno político para as eleições do ano que vem. Mesmo se não tiver, creio que não haverá importância – afinal o movimento é pautado no perdão; não no voto.

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