Os mandatários, geralmente, têm peso considerável em fortalecer seus adversários politicamente a partir de sua própria queda de popularidade e avaliação popular. Desde a última campanha eleitoral, o que vemos é um governador Paulo Hartung (PMDB) fragilizado, golpeado ainda mais forte com o episódio da greve da Polícia Militar.
Para fazer beijá-lo a lona, o seu principal adversário político, o ex-governador Renato Casagrande (PSB), já iniciou a sua saga visando 2018. A oportunidade para ter acesso aos eleitores, claro, é através da base que conseguiu construir no pleito de 2016.
No sul do estado, o socialista deu o pontapé inicial na prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, local onde além de ter indicados no primeiro escalão, pôde, na segunda-feira (13), ter acesso ao microfone e ‘pincelar’ ações de seu governo na área de esporte – setor que sua ex-secretária tomou posse na administração municipal.
Logo, terá o mesmo acesso à Câmara Municipal de Cachoeiro, que é presidida pelo companheiro socialista, vereador Alexandre Bastos. E será neste ‘filão’ que Casagrande poderá se fortalecer junto ao eleitorado. Há também as inserções na mídia que os partidos têm direito.
Hartung
Hartung continuará não tendo vida fácil. Por outro lado, é um líder que jamais pode ter seu poder estratégico menosprezado. É mestre na reação. Da última vez sem mandato (2012 a 2014), não faltaram adversários (declarados ou ‘novos’) tentando imputá-lo títulos eticamente onerosos, aproveitando-se da ausência de foro privilegiado.
Na campanha de 2014, Casagrande intensificou os ataques, incluindo, até mesmo, integrantes da família de Hartung em supostos atos de corrupção. Ao final da artilharia, o peemedebista foi o primeiro governador eleito do Brasil, por questão temporal, com 53,44% dos votos válidos, contra 39,34%.
O que se apresenta como incomum neste mandato é a demora de reação, principalmente no que tange à administração. O governo ainda não tem uma marca, um grande feito que envaideça os eleitores ainda acostumados com o brilho do cimento armado e da justiça dos benefícios sociais.
Por isso, a marca que Hartung pretende cunhar para o Brasil pode não ter o mesmo efeito positivo no estado. Para o país, ele se apresenta como o gestor hábil para sair e se manter distante de crises; por aqui, pode surgir o pensamento que a falta de dinheiro é a desculpa para não ser feito o que a população julga necessário.
Crédito da foto: Alessandro de Paula