Por Gabi Prado
Você já parou para refletir sobre quais são os pontos que distinguem uma pessoa religiosa de uma pessoa cristã? Diante de tantas manifestações de opiniões “fundamentadas” nos princípios bíblicos e a partir de trocas estabelecidas com aqueles que vivem a palavra, surge a indagação: vivo a religião, em sua essência, ou a pratico na sua superfície?
Eu nasci em uma família católica. Fui batizada, tomei a comunhão, crismei e participei de movimentos que marcaram a minha trajetória – como o EAC (Encontro de Adolescentes com Cristo), por exemplo. Sempre amei estar naquele lugar, mas o meu aspecto questionador me conduzia para espaços além daquele universo de ensinamentos, por vezes, esvaziado em afirmações injustificáveis.
Só agora, repentinamente e por algumas forças do acaso, conectei minhas ideias com outras que me levaram a perceber que grande parte da questão estaria relacionada à conduta do próprio cristão (ou do religioso, como veremos a seguir). A bíblia é um livro extenso, que abre espaço para que muito seja dito e absorvido/distorcido. A igreja se constitui de pessoas, que possuem livre interpretação de texto a partir das próprias vivências. Nós, seres humanos, tendenciamos a devotar nossas existências em forças sobrenaturais que desconhecemos, mas depositamos fé.
O que nos difere é a maneira como absorvemos e aplicamos esses conhecimentos no nosso convívio social diante de todas as pluralidades que nos cerca. O nosso conhecimento de mundo é muito limitado e, por vezes, vivemos com o medo de nos abrir àquilo que consideramos diferente – o que nos leva a cultivar sentimentos de ojeriza e repúdio em relação ao outro. Quanta lástima perceber que muitas dessas visões vêm da distorção da vida em religião.
Se fomos educados no amor ao próximo, simplesmente (já que a frase não vem seguida de um perfil exato que mereça ser amado em detrimento de outros), com qual verdade o religioso pauta os seus desvios de discursos sociais no livro mais sagrado, entre as religiões cristãs, sendo o princípio do respeito algo tão básico? Ensinaram-me que o cristão consegue se aprofundar nas complexidades do ser sem atribuir-lhe julgamento e, se assim for, espero que todos que apreciam estar na “Casa do Senhor” aprendam a ser cristãos, um dia, para que a religião ganhe uma nova conotação.