Vulnerabilidade e o lazer feminino – não estamos seguras

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Por Tatiana Pirovani

 

Acabo de ver pelo noticiário que a Corte de Cassação de Roma, equivalente ao STF no Brasil, negou o último recurso da defesa do jogador Robinho, determinando pena de nove anos de prisão. Para quem não se lembra, o jogador foi denunciado por manter relações sexuais com uma mulher albanesa, que na ocasião estava numa boate com as amigas, embriagada. Ele e mais cinco homens.

Na época que essa notícia chegou ao Brasil, Robinho negou que teria ocorrido abuso, afirmou que foi tudo consensual. Mas, ele não contava que a polícia italiana teria instalado escutas no seu carro e telefone; em uma das ligações, rindo, Robinho fala ao amigo sobre o quanto a mulher estava bêbada.

Mantendo o padrão “para que tá feio”, ao realizar a sustentação oral, a defesa do jogador tentou trazer à audiência pontos sobre a conduta da vítima, citando um dossiê sobre sua vida privada, o que foi rejeitado e criticado pela corte. Deslegitimar a vítima de um abuso ainda é praxe – vide o caso Mari Ferrer.

É espantoso como nós mulheres ainda estamos completamente vulneráveis, simplesmente porque alguém não consegue manter o zíper da calça fechado. Não podemos relaxar nem nos nossos momentos de lazer, que são feitos para que? Re-la-xar.

Não podemos descuidar do copo de bebida, aliás, não deveríamos nem beber bebida alcoólica, né não?! Sair sozinha é super complicado, porque na mente doente de algumas pessoas, você está indo à caça. Quer ficar em paz? Ah, assiste uma novelinha em casa.

Podemos dizer não. O problema é que se dissermos isso sorrindo, sem demonstrar nosso total descontentamento, tem gente que acha que é charme e continua insistindo. Cara feia, nem pensar, senão você é brava.

Às vezes é necessário elencar umas cinco justificativas diferentes para o não, que vão desde, “hoje quero ficar de boas”, até “não, não tenho namorado, só não quero mesmo”.

Pode acontecer também, de do nada, alguém mais forte que você te abraçar pelo pescoço e tentar colocar um chicletinho na sua boca, que de chiclete não tem nada. Ou então, se você resolver se envolver com alguém, a pessoa já quer saber como vai ser o depois.

Me lembra um pouco aquela gravura dos tempos das cavernas, sabe!? Aquela que o homem puxa a mulher pelos cabelos… depois ela aparece em outra gravura, ao lado de uma fogueira, com uma criança, enquanto o homem come uma peça enorme de pernil. Tipo, ela não queria, mas aí ele insistiu, né!

Nós temos pólvora, computadores, 5G batendo na porta, diversos modais de transporte, naves espaciais, panela elétrica para arroz e feijão, engenharia genética, a descoberta da dupla espiral do DNA, eletricidade, centenas de dados ao alcance das mãos no nosso telefone móvel, vacinas, cirurgias de alta complexidade, carros dos mais diversos modelos, com as mais variadas tecnologias… eu poderia ficar aqui escrevendo até enjoar a respeito da evolução humana. Mas vocês sabem disso, com exceção do terraplanismo, o resto é senso comum (pelo menos espero que sim).

2022! Não dá pra continuar com esse comportamento primitivo.

“Deixa as meninas brincá!”

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