Com cerca de seis meses de salários atrasados, sobrecarga de trabalho e falta de insumos, os médicos da Santa Casa Cachoeiro irão se reunir em assembleia nesta quarta-feira (23) para decidir o futuro no hospital. Na pauta, estão possíveis paralização dos serviços e desligamento contratual.
“Vamos discutir a situação da Santa Casa neste momento. São 206 leitos e há 100 ocupados por pacientes ortopédicos; não estamos conseguindo operar. Precisamos de insumos para trabalhar e do pagamento dos médicos, vai completar seis meses”, disse o médico Elias Garcia.
Segundo ele, foi solicitado que o hospital fizesse plano de reestruturação financeira. Uma vez elaborado e apresentado, deputados e senadores destinaram emendas parlamentares; mas, de acordo com Elias, o governo do Estado não teria repassado. A assembleia seria também uma força de pressionar o governo estadual.
“O governo não repassa o dinheiro. Com isso, não é possível pagar as empresas que fornecem os materiais, medicamentos, insumos em geral e os médicos. Não sabemos porque não é feito o repasse; o recurso não pertence ao governo do Estado”, explicou Garcia, que revelou que a administração pública estadual prometeu o repasse no dia 6 de fevereiro – o que não aconteceu.
“O conselho da Santa Casa está empenhado, trabalhando com seriedade, junto com a superintendência para recuperar o hospital. Do jeito que está, está um caos. Precisamos do dinheiro dessas emendas para liquidar parte das dívidas para manter as portas abertas”, informou.
Elias contou que há, de imediato, algo em torno de R$ 16 milhões para serem destinados ao hospital. “Apenas da senadora Rose de Freitas são R$ 8 milhões. Ao todo, chegaríamos a quase 30 milhões até julho – o que ajudaria muito a Santa Casa”.
“Estamos pleiteando um repasse mensal de R$ 11 milhões por mês para mantermos o hospital funcionando, mas repassam em torno de R$ 5 milhões. Precisamos do valor equivalente ao que o governador Renato Casagrande gasta em Vitória”, pontuou Elias.
A reportagem enviou a demanda à Secretaria de Estado de Saúde, porém não obteve resposta a respeito das emendas parlamentares informadas por Elias e seus repasses.