O ambientalista cachoeirense Paulo Henrique Moulin Breda recebeu a comenda Augusto Ruschi, nesta semana, das mãos do deputado estadual Gandini, atual presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa.
Paulo Henrique Breda atualmente está como presidente do Comitê da Bacia do Rio Itapemirim e também faz parte do quadro técnico da BRK Ambiental, como supervisor de Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente. O Em Off Notícias fez contato com o homenageado para saber um pouco mais do trabalho realizado frente à bacia do Itapemirim.
“A principal atividade e responsabilidade do comitê é de realizar a gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica. Esta gestão é feita à luz da política das águas – lei 9433/97 – com a construção do plano de bacia, que é o documento que o comitê usa para a realização de suas atividades: definição de usos insignificante, outorgas, cobrança pelo uso da água, enquadramento da qualidade de água dos rios, córregos e lagoas”, disse.
“Hoje, o comitê estuda os conflitos que existem em alguns municípios da bacia. Também estudamos a deliberação para a implantação da cobrança pelo uso da água, construção de projetos ambientais em parcerias com Ifes e Ufes. E até o final do ano estamos nos reunindo com municípios e Ministério Público para viabilizar a soluções de tratamento de esgoto na bacia”.
Entre os trabalhos já realizados, segundo Breda, estão a recuperação de áreas degradadas na bacia, coleta seletiva de resíduos e o plantio de diversas espécies de árvores da mata Atlântica.
Comenda
A Comenda Augusto Ruschi é concedida aos profissionais que atuam no campo da ciência, pesquisa, cultivo e estudo de plantas e a outros profissionais dedicados à fauna e à flora brasileiras, com destaque para a elaboração de projetos e a luta pela preservação da natureza.
Sobre Ruschi
Nascido em 1915, no município de Santa Teresa, Augusto Ruschi foi um dos mais famosos naturalistas do País. Ganhou notoriedade em 1951, em um congresso florestal da Organização das Nações Unidas (ONU), durante o qual previu que as reservas ecológicas, preservando de extinção espécies animais e vegetais e microrganismos, seriam os bancos genéticos e de habitats do futuro, antes de ficarem famosas as expressões “biodiversidade” e “biotecnologia”.
Visionário também no campo da agroecologia, já apontava em seus inúmeros trabalhos científicos (cerca de 500) e livros (23) os perigos dos agrotóxicos e da monocultura do eucalipto. Advertia ainda que o desmatamento seria o primeiro passo para a formação de desertos. Amante da natureza, passou a maior parte da vida explorando e estudando a flora e a fauna brasileiras e lutando pela preservação da natureza.
Foi um grande estudioso de beija-flores, sendo o autor da maior obra sobre este pássaro do mundo. Classificou 80% das espécies brasileiras de colibris, identificou duas novas e elaborou a descrição de outras cinco e de 11 subespécies.
Foi notável ainda por seu estudo sobre orquídeas, catalogando mais de 600 espécies e identificando 50 novas. Estudou também as bromélias e os morcegos de seu estado natal. Ecologista e preservacionista intransigente, impediu, empunhando uma espingarda, que o governo capixaba desapropriasse a Reserva Biológica de Santa Lúcia – onde morava, iniciou e realizava a maior parte de suas pesquisas e foi enterrado –, e a transformasse numa plantação de palmito.
Além disso, interditou o desmatamento autorizado pelo então ministro da Agricultura da Fazenda Klabin, um pedaço de Mata Atlântica localizado em Conceição da Barra, no norte do Espírito Santo, onde vivem três espécies de beija-flores em extinção.
“A alegria do barulho desses beija-flores não vai silenciar enquanto eu existir”, disse em entrevista à imprensa. Seus principais trabalhos estão reunidos nos livros “Aves do Brasil” e “Os Beija-flores do Espírito Santo”. Faleceu em Vitória, em junho de 1986.