Ferrenho, combativo e, ao mesmo tempo, com um coração que não cabia no peito. Quem conheceu o ex-vereador José Carlos Amaral reconhece isso. Ele morreu no início da madrugada desta terça-feira (7) aos 73 anos de idade.
A reportagem do Em Off Notícias esteve no velório de Amaral e recolheu depoimentos de autoridades e amigos. As menções do governador Renato Casagrande e do ex-prefeito Carlos Casteglione foram obtidas no evento do Movimento Empresarial Sul Espírito Santo (Messes); a do prefeito Victor Coelho, pelas redes sociais.
Confira abaixo:
Renato Casagrande – governador do Espírito Santo
Figura histórica, emblemática da política de Cachoeiro. Manifesto minha solidariedade à familia e amigos. Convivi por tempo com Amaral, como vereador, sem mandato… Sempre uma figura muito característica e muito sincera, franca. A franqueza era a principal característica do Amaral.
Victor Coelho – prefeito de Cachoeiro
É com muito pesar que recebemos esta notícia. Amaral combateu o bom combate e fez história em Cachoeiro. Por todos seus serviços na vida pública decretamos luto por três dias na cidade. Deus conforte sua família e amigos, sabendo que o futuro sempre se lembrará deste político combativo e apaixonado por Cachoeiro.
Carlos Casteglione – ex-prefeito de Cachoeiro
Foi uma grande perda. Era uma liderança importante para o município. Uma pessoa dedicada e muito corajosa naquilo que desempenhou. Ele foi vereador ao mesmo tempo que eu era prefeito. Sempre fez uma oposição bem firme, mas numa posição muito sincera. Eu e Amaral cultivamos uma relação de amizade; antes mesmo de eu deixar a prefeitura a gente conversava bastante. Algumas vezes, eu ia visitá-lo, também quando ele estava doente. Sinto pela família; estive recentemente com a filha dele para ter informações. Cachoeiro perde e quero deixar meu abraço fraterno à família, esposa, netos e filhos; são pessoas muito importantes para aquela região de Cachoeiro e para a cidade pela história que Amaral desempenhou na política.
Brás Zagotto – presidente da Câmara Municipal
Cachoeiro perdeu muito, a política de Cachoeiro. Era um homem bom. Era meio bravo às vezes, mas tinha um coração que não cabia dentro do peito. Cheguei na Câmara Municipal em 1996 e Amaral já estava lá; ficou conosco até 2016: 20 anos que fiquei ao lado dele. Ele se destacava com aquele jeito de fazer política. Como legislador, ele conhecia o regimento da Câmara, brigava, arrumava uns argumentos para punir o prefeito, fiscalizava. Na hora que você chegava para conversar, ele te abraçava. Ele se destacou, na época do prefeito Ferraço, como secretário do Interior – um dos melhores que Cachoeiro já teve -, e como secretário de Serviços Urbanos, Limpeza Pública. Na época, não tinha concessão de serviços, então a prefeitura fazia tudo: recolhia o lixo, fazia capina, tinha as caçambas para retirar entulho, aterro sanitário no Morro do Lixo. Em vida, colocamos o nome dele na tribuna da Casa de Leis, que era onde ele brigava, batia na tribuna. Conseguimos também, em 2021, o título de Cachoeirense Presente nº 1. Lembro também que ele ajudava muito as comunidades católicas e evangélicas apoiando os eventos com aparelhagem de som. Todo lugar que tinha festa, na sede ou interior, a equipe dele estava presente. Ele ajudava muito.
Sérgio Corrêa – amigo e funcionário há 20 anos
A verdade é que o Amaral é único. No período que trabalhei com ele, eu via o querer dele em ajudar as comunidades e não media esforços. Procurou ajudar de várias formas; uma delas era nas festinhas. Ele ajudava com som, palanque. E muita das vezes doava som para as pessoas. Ele sentia prazer em fazer isso. A gente vê que algumas pessoas, às vezes, falava algo sobre ele. Ele era uma pessoa muito firme, mas o coração era maior do que ele.
Marcos Coelho – ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal
Recebi a notícia com muita tristeza. Sempre foi companheiro, amigo, pai. No Legislativo, cuidava dos colegas, arrojado na linha reta e sempre pronto para o debate. Fora dali, era um paizão, meu amigo particular, da minha família. Sempre esteve ao meu lado. Só posso dizer que Amaral passou nesta vida para deixar amor e carinho; um homem com um coração enorme. Hoje, ele está com Deus, é abençoado porque cumpriu o seu papel.
Diego Libardi – amigo, correligionário e secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória
Como político, foi um referencial histórico para a cidade. Não teremos outro perfil como esse. É o precursor da direita no Brasil e em Cachoeiro. Mas, acima da direita, ele é um referencial de homem direito, homem correto. Atuou por nove mandatos com maestria e deixou um legado para muita gente e, principalmente, para mim. (choro) Pra mim, um grande amigo, paizão que tive, conselheiro, pessoa que me lançou na política. Aquele cara com quem eu dividia todas as decisões, da vida, da política e do dia a dia. Uma perda grande. Mas, penso assim: toda vitalidade que ele teve na vida, nos últimos anos ele não tinha porque as doenças estavam o consumindo. Então, não queria ver o ‘Leão de Cachoeiro’ numa jaula, preso, por causa de todas as enfermidades; que seja feita a vontade de Deus. Vamos lutar para manter o legado, a história que ele deixou viva como agente político para propagar para as próximas gerações.
José Carlos Amaral
Amaral entrou na vida pública em 1982, quando disputou sua primeira eleição para vereador. Na época ele ficou como suplente, mas assumiu a cadeira no decorrer do mandato. Em 1988, se elegeu pela primeira vez e conquistou a seguir seis reeleições consecutivas. Foram mais de 30 anos no Legislativo, de uma atuação muitas vezes combativa, mas leal, até mesmo com os adversários.
Amaral cumpriu o último de seus sete mandatos na legislatura 2013-2016, e recebeu em 2013, por indicação do então vereador Wilson Dillem, o Título de Vereador do Século.
A tribuna do plenário da Câmara de Cachoeiro ganhou o nome de José Carlos Amaral, por indicação do vereador Brás Zagotto, em 2017, quando Amaral se afastou das disputas eleitorais.