A Religião como Fator de Adoecimento Mental vs. A Religião como Fator de Promoção da Saúde Mental: Um Olhar Crítico 

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Por: Gabriela Fonseca

@psigabriela_fonseca

 

“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro” – Carl Jung.

Matheus 10:16 – “Portanto, sede mansos como os pombos e astutos como as serpentes, pois vos enviarei no meio de lobos”.

 

Vivemos em um país majoritariamente cristão, embora sejamos constitucionalmente um Estado laico. Um tema que merece nossa atenção, mas que muitas vezes não é discutido devido à sua sensibilidade, é o fato de que algumas igrejas, seitas e religiões podem não contribuir para a nossa saúde mental. Em um contexto de dificuldades no acesso à educação, algumas pessoas acabam se tornando dependentes de líderes religiosos que, infelizmente, podem abusar de sua influência e poder.

Casos de líderes que cometeram abusos, como o de Warren Jeffs, nos Estados Unidos, ou o de João de Deus, aqui no Brasil, nos lembram que é fundamental ter discernimento ao seguir qualquer figura de autoridade. Líderes carismáticos têm a habilidade de explorar a vulnerabilidade das pessoas, buscando controle e benefícios pessoais. Muitas vezes, eles são também habilidosos em criar um ambiente de afeto e temor.

Por outro lado, a religião e a espiritualidade podem, e em muitos casos, devem ser fontes de apoio e promoção da saúde. Em um grupo religioso, muitas pessoas encontram sentido na vida, pertencimento e apoio em momentos desafiadores, além de iniciativas voltadas à caridade e aos direitos humanos. Muitas vezes, essas instituições oferecem suporte à população que, em certos aspectos, pode ser até mais eficaz do que ações do Estado. Contudo, o desafio surge quando promessas de curas milagrosas e soluções fáceis são feitas por líderes que podem não ter boas intenções, criando um ambiente de desilusão.

Em um país como o Brasil, que enfrenta desafios estruturais como o analfabetismo e a pobreza, frequentemente nos vemos sem as ferramentas necessárias para questionar criticamente práticas que podem parecer absurdas em ambientes considerados “espirituais” ou “de cura”.

Estamos imersos em um contexto cultural profundamente influenciado por textos religiosos, que moldam tanto a nossa visão de mundo quanto nossas práticas cotidianas. Às vezes, parece que ainda lutamos contra preconceitos e estigmas, especialmente no ambiente virtual, onde a proteção percebida pela tela pode nos levar a julgamentos precipitados.

É mais fácil julgar do que entender as perspectivas dos outros. Ao mesmo tempo, é triste reconhecer que a religião e os dogmas humanos têm sido, em alguns casos, fatores de conflito ao longo da história. Entretanto, também existem muitas instituições religiosas que têm um impacto positivo na vida das pessoas. Para que possamos desfrutar dos benefícios da religião sem cair em armadilhas, é importante que:

 

  • Mantenhamos um olhar crítico em relação aos líderes, permanecendo atentos a promessas que pareçam irreais.
  • Reflitamos sobre a história e o que foi feito em nome de Deus ou de deuses, reconhecendo que, em muitos casos, interesses pessoais podem ter sido priorizados.
  • Entendamos que somos corresponsáveis ao nos envolvê-los em uma seita, igreja ou religião, e que devemos sempre buscar transparência e humanidade de nossos líderes. A religião no Brasil, conforme a constituição, deve respeitar a lei e os direitos humanos.

 

Por fim, convido à reflexão de que os seres humanos são uma combinação de múltiplos fatores biológicos, psíquicos, sociais e espirituais que vão além das dualidades de bem e mal. A religião pode ser um fator de crescimento humano, desde que não inclua práticas desumanas ou anticonstitucionais.

Precisamos considerar com cuidado as ilusões que nos são apresentadas. Quando perdemos o senso crítico e a razão, independentemente de nossa crença, corremos o risco de nos tornarmos emocionalmente dependentes e alienados. Para uma espiritualidade saudável e responsável, devemos equilibrar fé e razão, caminhando juntos nessa jornada.

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