A pesquisa eleitoral feita pelo Instituto Futura e publicada pelo jornal A Gazeta neste fim de semana, embora tenha animado o ex-governador Renato Casagrande (PSB), na verdade, revela um grande desafio à frente do socialista, a ponto, até mesmo, de se reinventar – caso queira levar o pleito deste ano para o segundo turno.
Do outro lado do ‘ringue’, há o governador Paulo Hartung (MDB), com rejeição que supera a casa dos 20% (dobrou desde 2014), o desgaste de estar no terceiro mandato e mais as animosidades sofridas nos dois primeiros anos de governo, que foi um período de pouquíssimos investimentos em função de inúmeros cortes, devido ao rígido contingenciamento de recursos.
Considerando apenas as razões acima, não há como ver o empate técnico (36,9% x 36,1%) apontado pela pesquisa como favorável à Casagrande; muito pelo contrário.
Avaliando mais a fundo, é certo confirmar que o percentual atribuído a Hartung são os votos dele, fiéis. E é de se considerar que parte dos outros sufrágios, pertencentes ao seu capital eleitoral de outrora, foi perdido de forma irreversível (caindo no buraco negro da rejeição) e outra fração infla o principal adversário – é uma espécie de ‘posicionamento de protesto’, e são votos que podem ser recuperados.
A campanha eleitoral, em tese, favorece o candidato que já está no governo: tanto pelo conhecimento dos números inerentes à administração; quanto à cronologia de ascensão das finanças públicas, que é um cenário onde Hartung é especialista para colher os frutos eleitorais.
Já Casagrande necessitará de reinvenção na campanha eleitoral. Digo isso, pelo fato de a apresentação de seu governo (2010/14) já ter sido feita e reprovada nas últimas eleições; além disso, não é viável sustentar o intento de voltar ao palácio Anchieta somente com base em ataques.
O que soa positivo para o socialista é a queda de sua rejeição – hoje com 9% contra os 14% de 2014. Isso é algo que deve ser estudado pelo PSB, uma vez que é um quesito de chance remota de alteração positiva. Talvez, seja até o caminho a ser explorado neste pleito.
Uma possível candidatura da senadora Rose de Freitas (PMDB) pode ser prejudicial ao ex-governador. É sensato pensar que considerável parcela dos eleitores de Rose é anti-hartunguista; ou seja, com ela fora da disputa os votos poderiam beneficiar Casagrande. Já em um possível segundo turno, a rejeição dela de 22,3%, que a meu ver a inviabiliza, pode o atrapalhar, caso ela decida emprestar apoio no palanque socialista.
Por esses fatores, avalio que o empate técnico entre os dois, neste abril, não tem o significado que o nome oferta (embora, não seja sangrento este abril). Ainda assim, o período é embrionário e aquilo que for apresentado ao eleitor é o que fixará os destinos.
Ricardo
A ausência do nome do senador Ricardo Ferraço (PSDB) na apuração estimulada chama atenção.