Os festejos pelo 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, continuam neste fim de semana, em Cachoeiro de Itapemirim. É ótima oportunidade para quem quer conhecer melhor expressões da cultura popular ainda fortes no município.
Apoiados pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult), os eventos são organizados na cidade e no interior por guardiãs do folclore local, reconhecidas pela prefeitura como patrimônios vivos, por meio da Lei Mestre João Inácio.
A agenda começa no sábado (12), na sede do grupo de bate flechas Mártir São Sebastião (rua Abel Cardoso Coelho, 42, fundos), no bairro Rui Pinto Bandeira. A partir do meio-dia, a mestra Joanna D’Arc de Oliveira conduz apresentações de bate flechas e, também, servirá sua tradicional feijoada.
A programação segue no domingo (13), e a primeira atividade será no espaço do grupo de bate flechas São Jorge Guerreiro (rua Ecoporanga, 70), no Zumbi. Lá, das 12h às 18h, a feijoada vai ser servida por Dona Terezinha.
No mesmo bairro, Dona Isolina promove a feijoada do grupo de bate flechas São Sebastião, Menino Jesus e caxambu da Velha Rita (rua Lourival da Silva, 101). A festa está marcada para as 18h.
Raiar da Liberdade
Ainda no domingo, a comunidade quilombola de Monte Alegre terá a edição 2018 do evento Raiar da Liberdade, do grupo de caxambu Santa Cruz, dirigido pela mestra Maria Laurinda Adão.
As festividades terão início às 19h. Haverá apresentações de grupos de charola de São Sebastião, caxambu, jongo, folia de reis, quadrilha e boi pintadinho. As atividades serão realizadas perto da igreja, onde é montada, também, a tradicional fogueira. Depois, a feijoada será servida no centro comunitário.
“A cultura popular é a nossa raiz cultural mais profunda. Apoiar as ações que potencializam e fazem memória da nossa tradição é um dever da Semcult”, destaca Fernanda Martins, secretária municipal de Cultura e Turismo.
Quem abriu as festividades pelo 13 de maio em Cachoeiro neste ano foi a localidade de Vargem Alegre, no distrito de São Vicente, no último sábado (5). As atividades foram coordenadas pela mestra Dona Canuta Caetano, do caxambu “Alegria de Viver”e contaram a participação de grupos representantes de diversas manifestações da cultura popular.
Folguedos
O bate flechas e o caxambu são as duas manifestações culturais mais presentes nos festejos. A primeira é um rito de dança em louvor a São Sebastião e aos caboclos flecheiros. Ao som de instrumentos de sopro (pistão ou trompete, trombone, bombardino, baixo, flauta, saxofone) e de percussão (tarol, bumbo, prato, atabaque), cada um de seus adeptos utiliza duas flechas para marcar ritmo, junto à batida dos pés, enquanto entoam pontos (cânticos) em reverência ao santo.
Já o caxambu é uma forma de expressão que integra percussão de tambores, canto e dança. Característico da região sudeste do país, era praticado pelos trabalhadores escravizados de origem bantu, nas lavouras de café e de cana-de-açúcar, como forma de lazer e resistência à dominação colonial. Foram eles e seus descendentes que, em suas comunidades, mantiveram e transmitiram às novas gerações os saberes, práticas e valores contidos nesta manifestação.
