“Eu queria ser igual aos poetas parnasianos”, confessou Luís Ernesto Lacombe, jornalista e escritor carioca (conhecido nacionalmente, sobretudo, por ter atuado como apresentador na TV Globo), à plateia que foi assistir à mesa “Viver com poesia”.
Promovida nesta quarta-feira (16), pela manhã e à tarde, no auditório Marco Antonio de Carvalho, a atividade é um dos atrativos do segundo dia da 7ª Bienal Rubem Braga, que acontece em Cachoeiro de Itapemirim, até domingo (20), na Praça de Fátima, Centro.
O debate, que também teve a participação da escritora e filósofa Hellenice Ferreira, fluminense de Duque de Caxias, foi mediado pelo historiador capixaba Roberto Al Barros, cujo desempenho à frente da função ali designada a ele (tal qual um ‘simpático proprietário rural’) conferiu ar bucólico ao bate-papo, em que os espectadores – estudantes, em sua maioria – pareciam jovens interioranos a ouvir, sentados no ‘terreirão da chácara’, o que o ‘pessoal da cidade grande’ tinha a dizer.
E para Lacombe, nascido e criado na zona sul do Rio de Janeiro, em meio a cerca de 20 mil livros da biblioteca de seu avô, Américo Jacobina Lacombe (1909-1993), historiador e imortal da Academia Brasileira de Letras, o que não faltava era assunto.
“Antes de ser jornalista, sempre fui poeta. Quando comecei a ter contato com os sonetos, passei a escrevê-los loucamente”, contou ele, ao revelar que, por pressão de seu pai, guardou o desejo de cursar Letras, para, depois de passar por três tentativas frustradas de ingresso em cursos superiores de outras áreas, finalmente partir para o Jornalismo. “Foi onde descobri ser possível a relação entre texto poético e jornalístico. A poesia me deu base e ritmo para minha profissão”, completou.
Às dezenas de alunos ali presentes, a escritora caxiense relatou o processo de produção de suas obras, parte das quais tem como inspiração o ambiente escolar, visto que Hellenice também é professora.
“A literatura é viva”, definiu ela, aproveitando para aconselhar ao público estudantil que a leitura ‘possibilita escolhas de caminhos’.
Perguntada por Al Barros a respeito de um de seus livros, “Frederico” (Escrita Fina, 2013), a autora detalhou que sua ficção lírica infantil foi baseada em uma história real. “Por volta de 2010, socorri um passarinho acidentado e, então, o levei para minha casa. Achei que ele fosse morrer logo, mas sobreviveu a mais 30 horas. Eu o batizei de Frederico, em homenagem a Friedrich Nietzsche. Eu o enterrei no quintal e ele virou uma flor”, relembrou.
Arte de contar histórias também é tema de debate
Ainda nesta quarta, durante a manhã, o auditório Newton Braga recebeu a mesa “A arte de contar histórias: entre palavras e imagens”, com a designer Mírian Moschem (responsável pela exposição “Cabide de Letras”, em cartaz na Bienal) e Fabiano de Oliveira Moraes, escritor, contador de história e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A programação completa, totalmente gratuita, pode ser acessada no site: bienalrubembraga.