Saindo do mérito da paralisação dos caminhoneiros no Brasil, este protesto estampa na testa de todos o grau de dependência que os carros de passeio representam para os brasileiros. E é tão miríade que as pessoas manifestam mais o seu desespero a partir da gasolina do que pelo preço majorado dos alimentos, do desabastecimento na área da saúde, na interrupção das aulas etc.
Resumindo: esta prioridade pelos carros, já tão natural e ‘nata’, é o ponto fracassado de qualquer implantação de projetos de mobilidade urbana.
Na noite de segunda-feira (28), circulei pela cidade para registrar à procura por combustíveis. Alguns postos anunciaram que seriam reabastecidos no fim da tarde – o que não ocorreu em parte desses -, mesmo assim, muita gente optou por permanecer na fila. Havia gente até enrolada em cobertores sentada na calçada; ou seja, disposta a virar a noite.
O trânsito na rodovia Mauro Miranda Madureira estava completamente prejudicado, uma vez que havia fila nos dois lados da pista, em direção a estabelecimentos localizados em pontos opostos.
Na avenida Jones dos Santos Neves, na altura do bairro Agostinho Simonato, justamente no trecho com registros de acidentes graves, ocorria (e ainda acontece) a mesma infração, como se a legislação gozasse de ponto facultativo ou estivesse solidária à necessidade básica por combustível dos cidadãos (ãs).
https://youtu.be/VuRUcQx9FFg
E todo este caos, que está longe de ser destituído – até porque os donos de postos não sabem quando encherá o tanque novamente -, tem preocupado os moradores desses bairros. Estes não conseguem entender a logística de distribuição, uma vez que poucas empresas recebem os seus carregamentos diante de centenas de milhares de motoristas sedentos pela manutenção do ronco de seus motores.
Conversando com alguns empresários do setor, a resposta sobre esta questão está atrelada à localização das carretas contratadas para o serviço – cujo distanciamento justifica a chegada. Sem contar em outro fator, grave, no qual abrirei um tópico abaixo para discorrer sobre ele. (Em tempo: não abri este texto com o assunto a seguir para erradicar quaisquer interpretações de sensacionalismo).
Violência
De acordo com fontes seguras, o ponto mais forte de ‘intimidação’ no Espírito Santo àqueles motoristas ‘liberados’ a levar a carga a seus destinos (sul do estado, no caso) é em Viana. Até certo ponto, a informação é de que ocorre a escolta policial. Porém, há um hiato desta ‘proteção’ nas proximidades do município de Atílio Vivácqua.
Um caminhoneiro, ainda segundo declarações da fonte deste jornalista, ao reabastecer um posto em Cachoeiro, relatou que sofreu ameaça de morte de um grupo de pessoas caso decidisse por seguir viagem. A coação teria ocorrido com armas em punho, entre a segunda e terça (29).
A vítima acredita que o crime fora praticado por pessoas infiltradas ao movimento dos caminhoneiros; ou seja, sem nenhuma relação direta aos preceitos do protesto. De qualquer forma, aconteceu. E o caso só fora resolvido, até então segundo à fonte, com a interferência da polícia.
Ainda nesta mesma transição de dias (não é confirmada ocorrência policial), há informação de que houve tiros contra uma carreta que transporta combustível. Está estaria vazia – o que, dizem, aumenta o risco de explosão. Por esses relatos, há um temido consenso – entre alguns empreendedores do ramo de postos – de que o movimento legítimo fora substituído por um paralelo; considerando, também, que nem mesmo os profissionais da estrada suportariam tantos dias sem trabalhar.