Depois dos festejos e menções de Feliz Ano, a ‘tesoura’ passa na alta estrutura do governo de Victor Coelho (PSB), em Cachoeiro de Itapemirim. Nesse contexto, houve decisão com base técnica e, cirurgicamente, política.
Dos secretários, subs e assessores especiais, o que destacou neste texto é a exoneração da secretária de Desenvolvimento Social, Márcia Cristina Fonseca Bezerra. O sublinhado justifica-se pelo histórico do tema.
Márcia surge na política quando foi assessora do então vereador Glauber Coelho, que faleceu em acidente no percurso da eleição de 2014. Nessa época, exercia o mandato de deputado estadual.
É de conhecimento de todos que Victor Coelho ganhou o pleito para prefeito, que, em tese, estava ‘escrito nas estrelas’ que seria de Glauber, seu irmão. Enfim… Márcia, assim como outros, foi herança de Victor em sua base política.
O tempo passa e as coisas mudam. Na política, muito mais. Com a batuta do poder, então… no piscar de olhos nem mesmo as suas decisões se concluem ou não sob a própria anuência. Mas, vamos lá…
Há tempos, range um atrito entre Victor Coelho e essa base raiz, inerente a Glauber. Dos nomes que remetem a esse alicerce podemos citar Márcia, Paulinho Miranda, Luana Fonseca, Vander e outros.
Diante disso, é preciso a compreensão de que quando se conquista a gestão do principal município do sul do estado, do partido do governador do Estado, o grupo cresce. A intensidade do processo de manutenção de poder é proporcional à sobrevivência política não só de grupo e diretório local: é também de esferas ‘superiores’.
Aquela vitória de 2016 que o grupo local festejou: na liturgia partidária nunca foi deles. E é ‘compreensível’ que não caberia a eles esse entendimento na frieza do tabuleiro eleitoral. Tanto que, mesmo com sinais drásticos no decorrer do 1⁰ mandato (ex.: Paulinho Miranda não emplacou a candidatura para deputado federal), associaram a eles mesmos a reeleição de 2020 – talvez, sem entender o porque de 11 candidatos na disputa e sucessos do governo que passaram por debates em mesas que eles não estavam.
É muita coisa e não vou alongar mais. Hoje, o nome de Lorena Vasques é uma cenoura fincada nos olhos da velha e saudosa base. Por isso, cada uma estourou a corda do seu jeito; outros se mantiveram. Márcia viu seu olhar fraterno fechar na mesma medida que o brilho dos refletores de Victor posicionaram Lorena no palco. Acredite: aguardava, serena, a exoneração diante do que traçou na política eleitoral.
Neste dia 2 de janeiro, ocupa interinamente a pasta no lugar de Bezerra a conceituada educadora e considerada no âmbito socialista estadual Roselane de Araújo.
Início do fim
Márcia Bezerra é filiada ao Podemos. Presidiu o partido durante a reeleição de Victor. Atualmente, a maior liderança da sigla é o deputado estadual Allan Ferreira, que é pré-candidato a prefeito.
Tudo indica que a exoneração de Márcia fixa no chão o rompimento entre Allan e o projeto eleitoral do governo local. Será? Isso influencia no posicionamento dos vereadores de base governista do partido? Trago os detalhes no próximo texto.