A defesa dos animais e o julgamento do homem

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Gabi Prado

Por Gabi Prado

 

Nos últimos dias, a consagrada Rainha dos Baixinhos, Xuxa Meneghel, declarou-se a favor do uso de presidiários do sistema carcerário brasileiro como cobaias de testes científicos em prol da preservação da vida animal. A apresentadora, que atualmente vive sob a égide do veganismo, acredita que, dessa forma, os encarcerados fariam algo de bom pela nossa sociedade – já que seus delitos os levarão a passar a eternidade na prisão.

Lamentavelmente, Xuxa não se atentou para o fato de que o sistema prisional guarda uma série de problemáticas que estão para além dos crimes imperdoáveis que parte daqueles seres humanos cometeu. Além disso, debates éticos e morais vêm sendo estabelecidos, desde o século XX, para delimitar os avanços da ciência no que diz respeito à preservação do ser humano (vale ressaltar que essa prática data do século XVIII e as crueldades são inúmeras).

O meu questionamento, neste caso, concentra-se ao modo como se opera o sentimento de empatia. Se por um lado, Xuxa se manifesta como defensora dos animais e rejeita toda e qualquer prática capitalista que prejudique a existência desses seres vivos, por outro, ela condena às mesmas práticas invasivas e hostis o semelhante que julga estar impossibilitado de ter seus direitos assegurados por sua condição jurídica prisional.

Ademais, para mim, torna-se impossível não mencionar a questão racial existente nesse contexto. O senso do IBGE de 2020 aponta que 56,10% das pessoas se declaram negras no Brasil. Mais de 60% da população carcerária do nosso país é constituída por pessoas negras e esse contingente cresceu 14% nos últimos 15 anos, enquanto a de brancos diminui 19%.

Logo, quem são essas pessoas que Xuxa propôs como solução para erradicação do uso dos animais em experimentos científicos? O que leva Xuxa a considerar que esses corpos encarcerados estão disponíveis para testes medicinais como forma de uma possível redenção? Sua afirmação se baseia, unicamente, na causa em que defende e na crença de que essas pessoas estão praticando o bem para a sociedade, apesar de tudo o que cometeram?

Gostaria de evidenciar minha indignação a maneira como a indústria capitaliza a vida animal, mas também agradeço pela existência do bom-senso e da galera dos Direitos Humanos. A raiz da questão vai muito além dessa bolha liberal que você habita, querida Xuxa… é necessário ampliar o olhar. Está disposta?

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