Por Tatiana Pirovani
Engraçado (para não dizer trágico), como em um momento onde seria necessário estarmos gozando de plena saúde para enfrentar os males de uma pandemia, podemos assistir ao aumento de doenças relacionadas à nossa saúde mental.
Medo de ficar doente, medidas restritivas que nos deixaram cada vez mais distantes de uma
vida considerada normal, insegurança do ponto de vista financeiro, números alarmantes de
mortos, tudo isso misturado à polarização política, fake news, aumento exorbitante do IPTU e
da energia elétrica, inflação nas alturas, crescimento dos índices de violência doméstica, home
office, aula on line… você com você mesmo a maior parte do tempo… Ufa!
A mistura perfeita para balançar a mente.
Dados do Ministério da Saúde apontam que a ansiedade é o transtorno mental mais presente
entre os brasileiros desde o início da pandemia (86,5%), seguido de transtornos de estresse
pós traumático (45,5%) e de depressão (16%). Os dois últimos são considerados os principais
fatores que levam ao suicídio, sendo que a depressão em especial, já é considerada uma
epidemia.
No Brasil, são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos, principalmente entre os
jovens. Sim, uma média de 35 suicídios por dia, onde 96,8% dos casos estão relacionados a
transtornos mentais, além do uso de substâncias.
Neste cenário, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria junto ao Conselho Federal
de Medicina, organiza nacionalmente o “Setembro Amarelo”. O dia 10 do mês é oficialmente
o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano, e
chama nossa atenção para a importância da saúde mental, e em especial para a prevenção do
suicídio, trazendo seriedade à temas até então, considerados por muita gente como “frescura”
ou “falta de Deus”.
Na rede pública, a saúde mental é tratada no âmbito das Secretarias Municipais de Saúde, em
geral intermediadas pelos programas de Estratégia de Saúde da Família, e também pelos
Centros de Atenção Psicossocial, com atendimentos direcionados à pacientes dependentes de
álcool e drogas, com assistência ambulatorial, atendimentos individuais e coletivos.
Além do tratamento contínuo, as redes de apoio também são fatores que contribuem
positivamente. Pessoalmente, podemos colaborar com o outro, oferecendo suporte amigável e
sendo ouvintes – atenção de qualidade.
Quanto a cada um de nós: não ignoremos os sinais que nossa mente nos dá, de que há algo
pode estar errado. Se cuidem, busquem ajuda e façam terapia.