Além das ruas da sede e do interior de Cachoeiro de Itapemirim, também há um buraco na relação entre o governo e a sua base na Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim. E pelo tom da sessão da última terça-feira (7) serão necessárias toneladas de massa asfáltica para recapeamento ou operação tapa-buraco para que uma cratera não agrave o trânsito do relacionamento.
Em Soturno, por exemplo, o vereador Léo Cabeça (PDT) revelou que tem moradores pensando em plantar um bananeira em frente à empresa da família do prefeito Victor Coelho (PSB). E adiantou que irá sair na foto, já que as insistentes reivindicações não são atendidas.
A insatisfação com as más condições das vias é geral. São muitas as pessoas que amargam caros prejuízos com seus veículos e até mesmo acidentes. A insegurança para trafegar em Cachoeiro é alarmante, principalmente em dias de chuva.
A prefeitura executa projeto de recapeamento, que irá beneficiar 19 ruas. Sem dúvida, é uma ação que caminha para a resolução de parte do problema. No entanto, espera-se que o novo asfalto tenha duração satisfatória, ao contrário do que se vê.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) afirmou, em 2017, que o pavimento executado com asfalto, mais comum no país, tem vida útil estimada entre 8 e 12 anos. A ‘rodovia do Valão’ (Mauro Miranda Madureira) voltou a ter ‘crateras’ em menos de dois anos do recapeamento. Ou seja, uma obra milionária que, em tempo recorde, já dá despesas com operações tapa-buraco.
Falando nos remendos, há locais que, em dois meses, já foram feitos três vezes. Um exemplo é a Linha Vermelha, do início da ‘Estação Ferroviária’ ao início da Brahim Antônio Seder. Sem contar que o buraco na ‘Ponte de Ferro’ – remendado há poquíssimo tempo – já retornou. É como se a compra de asfalto fosse sedutora.
No interior, a situação é ainda mais tensa. Há poucas semanas, em Coutinho, os moradores tiveram que jogar cascalhos para ‘renivelar’ as vias. O próprio líder do governo na Câmara Municipal, vereador Alexandre de Itaóca (PSB), avaliou que é “preciso melhorar a gestão”.
Alexandre acredita que devem haver equipe e estrutura de máquinas e equipamentos no interior, justamente para dar uma resposta mais rápida a essas demandas. E expôs, na sessão ordinária de ontem, ter ouvido que primeiro irão cuidar de Cachoeiro para depois ir aos distritos. “Não podemos esperar atender 200 mil pessoas para depois atender 12 mil”.
Se realmente for do jeito que revelou o líder do governo, diante da fragilidade dos remendos e a curta durabilidade de alguns recapeamentos, o interior vai sofrer um pouco mais – assim como seus representantes.