Imagina você, depois de décadas depositando seu conhecimento e aprendizado contínuo na sua área de atuação profissional, indo de cidade em cidade, estados – ‘ciganeando’ por sobrevivência e também por tetos que lhe cabem.
Nesta, paralelamente, dedica-se, naturalmente, à construção do lar, junto ao cônjuge, e tentando aliviar a abrupta adaptação dos filhos.
Tempos depois, distante daquela Cachoeiro de Itapemirim de clima com intensidade igual à saudade da infância, dos familiares, amigos, lugares, poder fixar um sorriso de eterna felicidade pela estabilidade profissional e emocional de seus netos.
Daí, de repente, o telefone toca: “Fulano, você está concorrendo ao título de Cachoeirense Ausente nº 1 deste ano”. Cá para nós, claro que o evento criado por Newton Braga não tem a popularidade que se propôs; porém, quem conhece tem a alma tomada pelos estrondosos fenômenos naturais e sobrenaturais.
Após receber tal notícia, imagino que o conterrâneo ‘distante’ nem pincela o ‘cisco’ da concorrência. E é aí que se inicia o desamor.
Do êxtase, o nome deste cachoeirense que se destacou e elevou o nome da cidade em outro território brasileiro cai na intriga e, até, na mesquinharia de embates surreais.
Já presenciei ‘campanhas’ nas quais os militantes se utilizaram das vertentes ou preferências políticas dos ‘candidatos’ à homenagem e distribuíram agressões do tipo: “esse é coxinha”; “aquele é mortadela”; “hipócrita”; “defensor de bandido”.
Voltando à posição de quem recebe tal telefonema, imaginou a última ligação: “Olha, infelizmente, a cidade decidiu homenagear outra pessoa. Grande, abraço!”.
Resumindo: desperta-se a expectativa do abraço único e repleto de reconhecimento da terra-Natal, joga o nome da pessoa na lama durante uma campanha ‘eleitoral’ inacreditável e, por fim, quebra-se o sentimento e o orgulho por ter honrado Cachoeiro ao ouvir que ele não ‘merece a honraria’ (assim, traduz-se) – nesta, jamais voltará a competir; melhor assim, talvez.
Prefiro parar por aqui.