Um levantamento anual do Instituto Trata Brasil, divulgado neste mês de junho, chama a atenção para a quantidade de água perdida nos sistemas de distribuição no país. Hoje, o Brasil desperdiça o equivalente a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada diariamente.
Considerando apenas os 60% desse volume, que estão relacionados aos vazamentos, a quantidade é suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, pouco mais de 30% da população do país em 2020.
A pesquisa “Perdas de água potável (2022, ano base 2020): desafios para disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico no Brasil” também revela que o volume desperdiçado seria mais que suficiente para levar água aos quase 35 milhões de brasileiros que não têm acesso ao recurso.
Os dados ainda mostram que o percentual de perdas na distribuição está crescendo em relação ao volume de água produzido e consumido. De 38,1% em 2016, esse percentual chegou a 40,1% em 2020, ano base para os dados da pesquisa.
Quando considerada a realidade capixaba, as perdas na distribuição chegam a 38,41%, um pouco abaixo da média nacional. O município de Cachoeiro de Itapemirim tem se destacado em iniciativas voltadas para o controle de perdas, registrando o índice de 23,16% em 2021, bem abaixo das médias nacional e estadual.
Quando consideradas as perdas volumétricas, equivalente a perda de cada litro por ligação por dia, o município registra 127 l/ligação/dia, contra 343 l/ligação/dia no Brasil e 396 l/ligação/dia em todo o Estado.
Para se manter abaixo da meta contratual de 25% de perdas na distribuição para 2021, Cachoeiro conta com diferentes iniciativas e estratégias para o controle e a redução das perdas, como a modernização de redes, o mapeamento de áreas mais sensíveis e o uso de tecnologias para identificar vazamentos.
Um dos objetivos da BRK, concessionária de água e esgoto do município, é reduzir ainda mais as perdas na distribuição de água. Para isso, a empresa vem desenvolvendo ações relacionadas ao gerenciamento de pressão, à velocidade dos reparos, à pesquisa de vazamentos invisíveis e à substituição de redes e ramais com idade avançada.
Uma das iniciativas é a criação de Distritos de Medição e Controle (DMC) e setorização das redes, o que possibilita o confronto entre a macromedição do setor e a micromedição dos hidrômetros dos clientes, permitindo estabelecer prioridades entre os setores, e controlar os progressos no combate às perdas e aos desvios de água por ligações irregulares.
As iniciativas da BRK ainda envolvem as perdas aparentes, que consideram consumos não autorizados e a água consumida que não é medida ou sofre submedição. Segundo a concessionária, as perdas provocam aumento do custo de produção, ineficiência operacional, desperdício e mau uso de recursos hídricos, tendo um impacto ambiental significativo. Além disso, afetam diretamente o desafio de universalizar o abastecimento de água no Brasil.