O Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), celebrado em 24 de abril, foi comemorado este ano pela Câmara Municipal de Cachoeiro com uma ação efetiva de inclusão: a transmissão as sessões da Casa passa a oferecer a tradução simultânea em Libras.
A iniciativa atende a uma antiga solicitação da Associação dos Surdos de Cachoeiro de Itapemirim (Assurci) e teve início na semana passada, apenas para o público presente no plenário.
Já na sessão solene de homenagens da segunda-feira (24), justamente no dia da comemoração, a transmissão pelo youtube da Casa e pela TV Record News passou a contar com a janela de Libras, possibilitando assim que toda a população surda assista às sessões.
Para o presidente da Câmara, Brás Zagotto (Podemos), implantar o uso da Libras na transmissão das sessões é motivo de orgulho. “A Libras é um direito e uma ferramenta essencial para a inclusão de pessoas surdas, e vemos isso como mais uma missão cumprida pelo nosso Legislativo”, diz o presidente. Para a presidente da Assurci, Patrícia Brithes, a medida, além de aumentar a acessibilidade, vai permitir que os surdos conheçam melhor a atuação dos vereadores. “Uma Câmara mais acessível promove que os surdos sinalizantes conheçam em sua língua os vereadores do nosso município, façam as suas reivindicações e lutem pelos seus direitos”, diz ela
Veja abaixo a íntegra da análise de Patrícia:
“Libras é a abreviação de Língua Brasileira de Sinais, ela é reconhecida como meio legal de expressão e comunicação das pessoas surdas sinalizantes. A Língua Brasileira de Sinais é visuoespacial e utiliza as mãos e os dedos, as expressões faciais e corporais, em substituição a modalidade oral que as pessoas ouvintes utilizam para se comunicarem. É por meio dela que as pessoas surdas sinalizantes comunicam-se entre si e com o mundo.
A Língua Brasileira de Sinais não pode ser confundida como mímica ou simples gestos. Trata-se de uma língua que possui uma gramática própria, assim como a língua portuguesa. Para promover a inclusão dos surdos no Brasil, em 2002, foi criada a lei de nº 10.436. Essa foi uma grande conquista para a comunidade surda, pois o poder público passou a fornecer meios para o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais. O ideal é que ela seja usada e aprendida por todos.
A Associação dos Surdos de Cachoeiro de Itapemirim (ASSURCI) vem buscado que a Casa de Leis do Município de Cachoeiro de Itapemirim adote medidas de acessibilidade. O uso da Libras nas sessões é muito importante, pois a maioria da comunidade surda sinalizante desconhece o seu papel enquanto órgão público e o trabalho em conjunto do legislativo. Uma Câmara mais acessível promove que os surdos sinalizantes conheçam em sua língua os vereadores do nosso município, façam as suas reivindicações e lutem pelos seus direitos.
Muitos surdos votam em candidatos por pedido das famílias e amigos e não sabem as funções dos nossos representantes. Semana passada muitos surdos estiveram presentes na Câmara e conseguiram entender que além dos vários papéis dos nossos representantes, os vereadores questionam ao executivo questões básicas como marcações de consulta nos postos de saúde sem médicos, iluminações precárias nas ruas e uso do dinheiro público.
Acredito que agora a comunidade surda sinalizante terá maior participação política e vida plena em sociedade, pois para que a inclusão de pessoas surdas venha existir de fato, é preciso mudar a consciência e garantir a permanência das pessoas em todos os setores da sociedade, e mantendo os profissionais tradutores e intérpretes de LIBRAS na Câmara Municipal, há a verdadeira inclusão, pois ali podemos lutar para garantir nossos direitos básicos como qualquer cidadão”. (Patrícia Brithes, presidente da Assurci)