Caso as eleições para governador fossem neste ano e houvesse a verticalização, ou seja, o partido estadual ter que seguir a aliança da executiva nacional, existiria um cenário onde o prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Victor Coelho (PSB), e o deputado estadual Rodrigo Coelho (PDT) estariam no mesmo palanque pedindo votos para o ex-governador Renato Casagrande (PSB).
Este é o desenho feito – claro que em um céu de tornados – pela saída do PSB da base do governo do presidente Michel Temer (PMDB), decisão ocorrida nesse sábado (20). Nacionalmente, a sigla também defende a PEC que antecipa as eleições diretas em caso de vacância na presidência.
O PDT tem como maior liderança no estado o deputado federal Sérgio Vidigal; porém, em uma possível disputa contra o atual governador Paulo Hartung (PMDB) somente Casagrande dispõe de tal musculatura. Em âmbito nacional, socialistas e pedetistas podem se unir em torno de Ciro Gomes (PDT), daí se daria a hipotética verticalização.
Seguindo nesta linha, o peso seria para Rodrigo Coelho, que viveria um dilema para ler a cartilha do partido em detrimento de um direcionamento dado por Hartung. Algo semelhante ao que aconteceu nas eleições de 2016, quando se ausentou da campanha do deputado Marcos Mansur (PSDB) para prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, com o qual o PDT compôs a chapa majoritária.
Rodrigo já foi secretário no governo Casagrande, mas rompeu com o socialista logo após este virar as costas para o PT em Cachoeiro – depois de o PSB participar da administração de Casteglione, com cargos – e apoiar a candidatura do saudoso Glauber Coelho, então PR, para prefeito em 2012.
Atualmente, é o líder do governo Hartung na Assembleia Legislativa e também o serviu no primeiro escalão, na mesma pasta ocupada na gestão anterior: Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social. Desfilar como apoiador em campos opostos não lhe seria interessante; a não ser que pague o preço pela fidelidade partidária – se for o caso, claro.
Já a proximidade com Victor pode colocá-lo, no imaginário popular, como co-responsável pela gestão cachoeirense, que ainda engatinha. Sendo que o esperado, pelo menos no mercado político, seria a liderança de uma oposição responsável – por enquanto, só há neutralidade.
Na possível parceria entre PSB e PDT, para Victor seria benéfico o apoio de três vereadores pedetistas, garantindo, teoricamente, sete votos na Câmara Municipal: dois de seu partido e outros dois do PP, de seu vice Jonas Nogueira.
Porém, a bem da verdade e diante do silêncio ensurdecedor da classe política, é inútil qualquer tentativa de construção entre atores capixabas para 2018. Afinal, haverá aqueles que terão seus projetos políticos arruinados e outros irão ver no colo, da noite para o dia, oportunidade que jamais cogitavam.