Quem gosta de manter as coisas organizadas entenderá do que se trata. Aquela necessidade de tirar tudo do lugar, para “arrumar melhor”.
Só de pensar já dá aquele cansaço, mas o incômodo em ver que aquilo poderia estar num lugar bem melhor, ou sendo utilizado de maneira mais funcional nos faz arranjar ânimo para começar.
No serviço público não se trata de incômodo, mas sim de imprescindibilidade. A mudança dos cenários leva o Poder Público a repensar determinadas condutas que, muitas vezes estão amparadas por leis e programas que podem ser considerados defasados quando se coloca na balança o interesse público.
Após essa avaliação dá-se início à complexidade da implementação das Políticas Públicas. Dificuldades nas coordenações, conflito de competências entre os órgãos da municipalidade, a simples falta de diálogo entre os entes governamentais são fatores que contribuem para o fracasso na implementação das Políticas.
Ou seja, além de destacar uma área que necessita de atuação e elaborar a Política, o Poder Público deve operacionaliza-la objetivando traçar metas, que devem ser atendidas por meio de programas, projetos e ações.
Quando essas metas não importunam visivelmente a população ou alguns setores, fica mais fácil. O problema é quando há a necessidade de desarranjar condutas usuais da população, aí complica!
Me lembro do transtorno que foi na época que em Cachoeiro de Itapemirim houve a tentativa de implementar uma ação do Plano de Mobilidade Urbana com a retirada das vagas de estacionamento na região da Praça Jerônimo Monteiro a fim de se estabelecer a faixa prioritária para o transporte coletivo, visando otimizar seu trajeto e contribuir para a manutenção dos horários, já que a queixa de atraso é comum. Houve uma grande movimentação do comércio, que argumentou a perda de percentuais altíssimos nas vendas em apenas uma semana de implementação.
Foi o suficiente para que tudo voltasse ao normal e a população, usuária do transporte coletivo, responsável pela movimentação de aproximadamente 50 mil passagens por dia, tivesse que aguardar outro planejamento de nova ação para melhoria na mobilidade voltada aos ônibus.
Não houve sequer tempo para implementação da ação e sua avaliação, já que uma semana é tempo demasiadamente reduzido para avaliar itinerários.
Além do protesto popular, outros fatores como alta complexidade de problemas a serem mitigados x necessidade de captação de recursos que nem sempre estão disponíveis, são outros fatores que interferem na eficiência da implementação das Políticas.
Exemplo disso é a Política Nacional de Saneamento, que determina que os Estados e Municípios elaborem seus Planos de Saneamento com objetivo principal de universalizar o acesso, porém o Governo Federal ainda está em fase de implementação do Plano Nacional, ou seja, não há recurso profuso para atender a todos. Sem contar que, o valor que se cobra hoje no mercado para elaborar os Planos costuma ser tão significativo que valeria mais a pena investi-lo em serviço efetivamente.
Enfim, pensar nas soluções para atender as demandas da população me parece mais fácil que executá-las, considerando o universo de variáveis que o Poder público precisa considerar antes de pôr em prática seu planejamento.