“Disseram que eu teria que usar cinto de castidade”, conta vereadora

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Renata

Advogada, esposa, mãe, filha e vereadora. Independentemente da ordem, a edil cachoeirense Renata Fiório (PSD) conseguiu implantar uma nova órbita na Câmara Municipal, no que diz respeito à valorização dos direitos das mulheres – mesmo sendo a única em meio a 19.

Nesta breve entrevista, no Dia Internacional da Mulher, Renata conta situações desagradáveis e também (e principalmente) sobre as conquistas dentro da Casa de Leis para a público feminino, entre elas a criação da Ouvidoria da Mulher. Resultado que mostra, acima de tudo, o poder de sensibilização e, por outro lado, a sensibilidade. Confira:

 

Houve algum impacto quando assumiu o cargo de vereadora e se viu como a única mulher na Câmara Municipal? Se sim, como foi?

Houve impacto positivo, pela alegria de poder representar. Mas, também aquela sensação de responsabilidade, de não ter com quem dividir. Não dá para fazer política pública para mulher, fiscalizar, no meio de pessoas que não entendem o que é ser mulher. Afinal, ninguém sente o que a gente sente, não tem TPM, que pensar no filho, no almoço, na janta. Enfim, houve o impacto positivo por colocar uma visão diferenciada na representação; e a grande responsabilidade de fazer as pessoas enxergarem como nós. Ter apenas um voto neste momento é triste; daí é preciso sensibilizar.

 

Alguma situação lhe causou estranheza ou indignação no início do mandato, considerando ser a única mulher na Casa?

Quando cheguei na Câmara Municipal, no banheiro feminino não tinha a tampa do vaso, não tinha nada identificando masculino e feminino – fomos construindo esta identidade. Lembro também de estar chegando na Câmara e um grupo de homens disse: “Ah, vereadora, que bom a senhora aqui. Agora, terá de usar cinto de castidade”. Já respondi logo que eu havia ganho um par de ferraduras e que, portanto, substituiria bem.

Mas, é chato ter que responder, ter que estar se policiando para impor respeito em um ambiente eminentemente masculino.

A mulher quer tudo organizado. Cheguei lá e vi aquele monte de garrafa térmica, fui faxinando, juntando as mulheres para fazer algo em prol da Câmara. Conquistamos muito espaço, tanto que hoje temos a Ouvidoria da Mulher, também utilizada pelas servidoras da Casa de Leis.

 

A senhora defende as causas em defesa e de empoderamento das mulheres – a criação da Ouvidoria da Mulher é uma prova disso. Quais são os resultados alcançados até momento?

A Ouvidoria da Mulher é uma realidade nacional. Somos uma das poucas Câmaras Municipais que teve coragem de criar uma ouvidoria exclusiva; estamos credenciados na Controladoria Geral da União; envolvidos por todo sistema de ouvidorias públicas do governo federal.

Trabalhamos para possibilitar a realização de vários eventos com, para e pela mulher. É preciso conhecer os direitos, porque haverá colaboração com o exercício desses direitos. E a Ouvidoria não existe só para reclamações, mas também para sugestões de projetos de lei, políticas públicas, questionamentos e dar respostas e procurar soluções de problemas junto com as mulheres. É uma ferramenta importante, porque temos o que falar, sob um olhar diferenciado, e, na maioria das vezes, não há quem escute.

 

Em Cachoeiro, a participação da mulher na política ainda é tímida. Na sua avaliação, por que isso acontece? E o que é preciso para reverter esta realidade?

A participação das mulheres na política por aqui é tímida, sim. E isso é porque elas não estão treinadas, elas não participam nem das Associações de Moradores e a gente vê esforço muito pequeno dos partidos e das instituições para que isso aconteça. E falta também o querer das próprias mulheres.

A política virou um ambiente muito sujo e elas não querem se envolver nisso. Pode ver que na maioria dos casos de corrupção, você não vê tanto as mulheres envolvidas. Quando a gente der essa virada na política, de gestão, comprometimento, política pública sendo realizada ao invés de politicagem, tenho certeza que as mulheres serão motivadas a se envolver. A liderança feminina afronta um pouco, pois chega para resolver.

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