E aí, branquitude?

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on telegram
Share on linkedin
Share on email
Yasmin Giro

Novamente após um episódio racista, um caso não isolado, uma série de discussões explodiram pela internet. O rapaz, branco, que sistematicamente reproduziu falas racistas disse não ter conhecimento suficiente para não as reproduzir. Como forma de se justificar, deu o seu lugar de origem e criação como desculpas, além de usar o clássico argumento “tenho até amigos e parentes negros”.

Não se faz necessário expor o nome do autor das falas racistas, pois, qualquer um de nós pode assumir essa posição, e com certeza já o fez. O racismo, segundo Silvio Almeida, é um projeto de Estado e é reproduzido por instituições, na medida em que essas não se posicionam criticamente. E quando falamos em instituições, referimo-nos à família, escola, igreja… Instituições nas quais fomos socializados, onde aprendemos valores, regras e onde criamos nossa visão de mundo.

O Brasil, de fato, nunca instituiu uma série de políticas públicas que tentassem reparar os anos de escravidão empreendidos neste solo. Narrativas de submissão foram empreendidas. A história do povo preto foi reduzida à escravidão, esquece-se as diversas formas de resistência traçados pelos escravizados e quando muito, falam de discriminação apenas até o ano de 1888, ano da abolição da escravidão. Após esse período nasce o discurso sobre meritocracia e, nos dias atuais sobre “mimimi”. Cotas são tratadas como privilégios e o racismo, quando denunciado, é tido como “vitimismo”. Todos esses termos não são desconhecidos para nós, pois, constantemente são utilizados para servir de sustentação às falácias, que tentam deslegitimar dados que mostram a realidade brasileira.

Mas nos perguntamos, qual o papel da branquitude em toda essa história? O racismo e o conceito de raça foram inventados pela branquitude, que incrivelmente não se enxerga enquanto raça. Racismo é coisa de gente branca, e por isso mesmo somos nós que devemos acabar com ele, pois somos nós que o reproduzimos, seja através do “racismo recreativo” que vem na forma de piadinhas (e eu tenho certeza que alguma veio à sua mente), seja através dos privilégios que usufruímos, mesmo que não tenhamos noção deles. Na injusta corrida das oportunidades, estamos com mais de 300 anos de vantagens.

Ter amigos e familiares negros não nos isenta de sermos racistas, pois, fomos socializados desta maneira, o que não dá, caro leitor, é permanecer sendo um reprodutor destes discursos. Então busquemos conhecimento para não sermos mais uma pessoa contribuindo para a desigualdade e para a manutenção do racismo. É o mínimo. Por isso, segue uma pequena listinha de autores negros que desmembram o tema: Angela Davis, Silvio Almeida, Djamila Ribeiro, Lelia Gonzalez, Bell Hooks…

Na sociedade em que vivemos, não basta não ser racista, temos que ser antirracistas, já dizia Angela Davis. Precisamos nos posicionar criticamente perante às instituições nas quais participamos, mas para isso precisamos calar e ouvir mais quem tem algo a nos dizer.

Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on telegram
Share on linkedin
Share on email

Leia a revista Fomento

Leia a revista Fomento

Notícias Recentes

Governo do Estado anuncia sistema para auxiliar no enfrentamento às queimadas ilegais

O governador do Estado, Renato Casagrande, anunciou, nesta quarta-feira (18), a aquisição de uma nova