A crítica feira pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e a pressão feita por aliados para deixar o governo não foram suficientes para abalar a permanência do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).
Existem interpretações de que uma eventual saída de Mourão do governo poderia favorecer a abertura de processo de impeachment contra Bolsonaro. E isso por um motivo óbvio: Arthur Lira seria o sucessor direto à principal cadeira do Palácio do Planalto. Como presidente da Câmara dos Deputados, ele tem o poder de iniciar o impeachment.
O próprio clima pesado entre os dois integrantes da chapa vitoriosa no pleito de 2018 acusa que a permanência de Mourão não está atrelada à preservação diante da ameaça foraz da perda de mandato de Bolsonaro.
O vice tem as suas pretensões políticas e o ostracismo advindo de uma ‘renúncia’ já foi testado pelo ex-pop star jurídico Sérgio Moro, que entrou com festa no governo e saiu pela porta dos fundos. Em resumo: Moro foi para a ‘vala comum’ após a ‘guerra’ contra o seu ex-chefe.
E mais um agravante: Mourão entrou na chapa de última hora, como Jair faz questão de descartar, após a recusa do ex-senador Magno Malta (PL-ES).
“O Mourão faz o teu trabalho. Ele tem uma independência muito grande, por vezes atrapalha um pouco a gente, mas o vice é igual cunhado: você casa e tem que aturar o cunhado do teu lado. Você não pode mandar o cunhado ir embora”, disse o presidente durante a semana.
“Desde 2018 tenho viajado pelo Brasil e muitas pessoas falam que votaram na chapa JB-Mourão por confiar em mim. Em respeito a essas pessoas e a mim mesmo, pois nunca abandonei uma missão, não importam as intercorrências, sigo neste governo até o fim”, respondeu Mourão, em suas redes sociais, no sábado (31/7).