Por Gabi Prado
Hoje, uma amiga enviou uma selfie num dos grupos de WhatsApp que participo. Ela vestia uma camisa preta, cuja estampa era formada por listras verticais com as cores do arco-íris, acompanhadas da palavra “diversity” (diversidade, em português). Ela seguiu dizendo que, ao sair de casa, sua mãe perguntou se o uso daquela camisa seria “em prol dos gays”. A resposta para aquela indagação não poderia ser outra: “sim, mãe, é em prol dos gays”.
Nós estamos no mês de junho, mês no qual celebramos o Orgulho LGBTQIA+ e enfatizamos nossas reivindicações por respeito, dignidade, equidade social e profissional para pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneras e travestis, queers, intersexuais, assexuais e todas as outras que reconhecem sua identidade de gênero e orientação sexual para além do binarismo caracterizado pelo homem e pela mulher cisgênero heterossexual.
De certo, o desconhecimento sobre a instituição de uma data específica que visa conscientizar sobre e afirmar a luta contra a lgbtfobia é vasto. Poucos minutos de pesquisa no Google e encontramos aqueles que defendem a criação de um dia do orgulho heterossexual que não se justifica, mas evidencia a completa ignorância que permeia a nossa veia social. Por isso, compreendo que história traz as respostas, o conhecimento rompe fronteiras e a informação edifica.
Segue abaixo, portanto, uma breve lista de razões que evidenciam a necessidade de dedicarmos um mês inteiro ao orgulho de ser o que se é e contra a homofobia:
Entre as décadas de 1950 e 1960, os homossexuais estadunidenses enfrentavam um sistema jurídico anti-homossexual e poucos estabelecimentos aceitavam pessoas gays. No dia 28 de junho de 1969, houveram uma série de manifestações de membros da comunidade LGBTQIA+ contra uma invasão da polícia de Nova York no bar Stonnewall In e este episódio ficou marcado como um dos principais eventos que conduziu à luta pelos direitos dos LGBTQIA+ no país;
Segundo o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), cerca de 175 pessoas transexuais foram assassinadas no Brasil em 2020 – o que mantém o nosso país em primeiro lugar no ranking de países que mais mata transexuais e travestis no mundo;
O suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com a revista científica americana “Pediatrics”, pessoas LBGTQIA+ têm seis vezes mais chances de cometer o ato, quando convivem em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero (o risco de suicídio é 21,5% maior);
Pesquisas realizadas em 2020 apontam que o índice de desemprego entre pessoas LGBTQIA+ é quase o dobro da taxa geral do país (21,6%), durante a pandemia do novo coronavírus, tornando-as mais vulneráveis a problemas financeiros e de saúde;
Não existem relatos na história, tampouco dados estatísticos que mostrem a discriminação sofrida pela criatura heterossexual por ser heterossexual;
Homossexualidade não é doença, não é crime, não é pecado, não é uma escolha, é uma condição do ser. O erro está em enquadrar, oprimir e silenciar quem é lido como diferente, sendo que não somos iguais.