É pacificada a ideia de que a pandemia do novo coronavírus pegou todos de surpresa; principalmente, os profissionais da ciência, que, em tempo recorde, conseguiram desenvolver vacinas para tentar neutralizar a letalidade do vírus. Mas, a surpresa só não existiu para os ‘especialistas de tudo’ que fazem coro em oposições doentias e atacam, sem a necessidade de veracidade.
O incrível é que, até então, ainda existem ‘defensores’ – com a tática de ‘jogar pedras para trás’ – da instalação de hospitais de campanha. Esses são aquelas estruturas montadas temporariamente, em locais improvisados, custam milhões e depois são desmontadas como se não houvesse demanda reprimida de leitos em todo o Brasil antes da pandemia.
É claro que sempre sobrevivemos com a baixíssima oferta de leitos de UTI no país. Os gestores de hospitais sempre estiveram com pires na mão diante dos governos, uma vez que são ressarcidos a partir de uma tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) defasada há mais de 20 anos.
Quando o governador Renato Casagrande (PSB), no início do enfrentamento ao vírus, anunciou que trataria o problema de forma técnica, a artilharia de certezas e convicções contrárias disparou em sua direção. Assim que o governo do Estado descartou a ideia do hospital de campanha, os ataques foram ainda mais intensos.
Ora, era preciso pensar no pós-pandemia como um cenário de solução para os problemas na saúde no período que a antecedeu. A justificativa de Casagrande, ainda em 2020, era muito clara neste sentido: criar leitos nos hospitais existentes já que eles serão convertidos para outros atendimentos quando vencermos o coronavírus.
Em entrevista com o governador nesta segunda-feira (16), ele respondeu a este editoralista que o Espírito Santo tinha 365 leitos de UTI antes da pandemia. Hoje, são 1.098; ou seja, o Estado duplicou o números de UTIs. E esses leitos não serão desmontados, não deixarão de existir. Pelo contrário, as unidades criadas para salvar vidas da Covid-19 permanecerão com a mesma missão diante de outras doenças num breve futuro.
Em Cachoeiro de Itapemirim, o Hospital do Aquidaban – Unidade Provisória de Tratamento da Covid-19 – já salvou mais de 2 mil vidas. Findada a pandemia, o prédio ofertará diversos serviços voltados à pediatria.
Na Santa Casa, os leitos de Covid-19 que foram desmobilizados – já que o Hifa é referência no sul do estado – serão utilizados no tratamento de pacientes com outras necessidades médicas. De acordo com o hospital, ao todo, são 10 vagas a mais oferecidas para o atendimento SUS de urgência e emergência, totalizando 39 leitos de UTI.
Enfim. Todos queremos o melhor do poder público. Porém, é preciso ter olhar clínico para tudo o que é dito. Neste ponto específico sobre leitos, é necessário identificar quem estava e está focado nos hospitais; e os na campanha.