Separados do ‘ninho’ por incompatibilidade natural da política, o ex-vereador Professor Leo (com um pé no PSB) e o presidente do diretório municipal do PV, Valdir Fraga, estão mais unidos do que nunca com a missão de pôr fim às arestas ainda prematuras (por questão temporal) que há na relação entre a Câmara Municipal e a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim. Os dois são os responsáveis diretos pela articulação política do governo.
Cada um tem um papel. O Professor Leo é a personificação da ainda imaginária Secretaria de Governo, que será criada a partir da aprovação e sanção do projeto da reforma administrativa.
Na tarefa, estão a pacificação dos ânimos quanto às insatisfações pontuais, contribuição – junto ao líder do governo na Casa, vereador Delandi Macedo (PSC) – na defesa e garantia de votos na aprovação ou não de matérias de interesse do governo e a manutenção da maioria da bancada governista. Vereador por dois mandatos, é certo que ele sabe o que agrada e/ou desagrada um edil.
Valdir é um reforço necessário. Este atua especificamente na busca pela celeridade no atendimento das centenas de indicações feitas a cada sessão ordinária. Ou seja, age, junto ao secretariado, sendo uma espécie de eco das reivindicações feitas em benefício das comunidades; sempre atualizando os vereadores da tramitação, transparecendo as dificuldades e possibilidades e, o mais importante, negociando o que é possível.
Para quem não o conhece, e isso não seria um pecado – já que ele nunca foi de holofotes -, Valdir Fraga é o responsável pela ascensão do PV no município, desde 2004. O fruto de seu trabalho surgiu nas eleições de 2008, quando elegeu dois vereadores. No pleito seguinte, emplacou mais dois e o vice-prefeito Abel Santana. Sem contar que nas duas eleições, o partido tinha suplentes diretos e, em uma legislatura, o presidente da Câmara.
Na última eleição, no ano passado, os verdes tentaram a disputa majoritária com Romário, sem sucesso. No entanto, é inegável que a construção deste projeto era em torno de Abel Santana, que desistiu da política. Inútil quaisquer comparações, mas é de convir que o trabalho sequencial e sóbrio feito com Santana tinha musculatura e maior competitividade.
Enfim. Neste setor da articulação, a probabilidade de acerto do governo é considerável. Claro que o sucesso depende também do alinhamento com os secretários, mas isso é outro ponto que está na conta de Leo e de Valdir.
Vendo o outro lado, só uma questão, a meu ver, pode ameaçar este trabalho: o interesse do Professor Leo em disputar as eleições de 2018. Por quê? Vamos lá: a Secretaria de Governo é aquela feita para dizer mais ‘não’ do que ‘sim’, até porque não há como priorizar os pleitos da Câmara Municipal em detrimento do plano de governo.
Com isso, um ‘não’ ou um ‘sim’ do Leo – que não será dele (pessoal) – pode ser interpretado como estratégia eleitoral. Aí, desanda. E, querendo ou não, as articulações eleitorais já não cabem mais nos bastidores.
Estranho
E a estruturação da articulação política da prefeitura ‘gritava’ urgência. Afinal, quando se chega ao ponto de até o líder do governo na Casa de Leis pegar carona com os insatisfeitos e também reclamar é porque a situação ao ‘Deus dará’. E olha que o líder tem a esposa nomeada na Agersa.
Plano
O Professor Leo está nos planos do ex-governador Renato Casagrande (PSB). Ainda ninguém sabe qual é a verdadeira intenção: se Assembleia Legislativa ou Câmara dos Deputados. De qualquer forma, a função atual de Leo não agrega votos. Sem contar com o agravante do insucesso fenomenal do ex-vereador nas últimas eleições: de 2.173 votos, em 2012; para 579.