Por Tatiana Pirovani
Dias atrás viralizou no Instagram um desabafo do cantor Gabriel O Pensador. Ele inicia a fala com um relato de sintomas de ansiedade e continua o vídeo explicando sobre o que seriam os gatilhos que o levaram até tal situação. Ao assistir me identifiquei não só pelo que ele disse, mas também pelos sintomas que quem é ansioso, logo nota. Um artista que tem por característica o raciocínio rápido, a fluidez e a combinação perfeita de palavras, com voz e mãos trêmulas e gaguejando.
Apesar de ser antes de tudo profissional da saúde, não me aprofundarei no tema por não ter a devida especialidade. Mas como paciente posso falar da minha experiência. No final de 2020 fui diagnosticada com TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada, caracterizado no meu caso pela perturbação do sono, falta de ar, tontura, taquicardia, tremores e baixa tolerância. Tudo isso obviamente modificou meu comportamento, impactou minha relação familiar e interpessoal de modo geral.
Assim como fez Gabriel, foi importante conhecer meus gatilhos, que no caso foram desencadeados por seguidas situações de hostilidade no ambiente profissional, aliada a toda adversidade que a pandemia trouxe na vida de cada um de nós. As sensações variavam: hora parecia que meu coração explodiria a qualquer momento, hora não tinha força nas mãos sequer para segurar uma xícara pela manhã, outra hora era queria dormir dez dias seguidos, ao mesmo tempo queria sair correndo e gritando até esvaziar.
Para controlar as crises foi necessário paralisar tudo; relações genéricas que estavam iniciando, consumo de canais de internet e leitura, conversas aleatórias, lazer, etc…
Na dúvida, freei tudo para analisar calmamente e não me arrepender de nada depois, pois sim, a auto sabotagem pode imperar na mente de um ansioso em crise.
A pior parte para mim foi lidar com o preconceito que eu tinha em relação à ser uma paciente de psiquiatria e a fazer uso de medicamentos controlados. Tirar licença? Em quase 15 anos de trabalho, nunca havia pensado nisso antes. Mas foi necessário, aliás, essencial! Uso de medicamentos, terapia e exercício físico também foram indicados.
Foi importante também entender que ansiedade não deve ser confundida com impaciência. Não é não saber esperar, é ter medo constante de que tudo vai dar errado a qualquer momento e que não tem saída, sendo que você trabalha o tempo todo para que tudo dê muito certo.
Essa foi a minha experiência e cada um tem a sua. Ainda estou medicada e sob tratamento, mas muito muito muito melhor. Desejo o mesmo aos demais ansiosos e finalizo como Gabriel, citando Gabriel: “… a gente muda o mundo na mudança da mente, e quando a mente muda a gente anda pra frente. ”