Por Tatiana Pirovani
Para aproveitar bem a primavera, há que se observar as flores e as pessoas; olhar também o sol e os animais. Perceber o quanto nos parecemos, afinal, somos filhos do mesmo Criador.
O gatinho que gosta do comedouro raso, para não precisar inclinar muito o pescoço, de longe parece aquela prima que come pouco com medo de engordar. O cachorro, por outro lado, prefere comer bastante, e lembra o tiozão que gosta de prato fundo e anda com o botão da camisa na altura do umbigo sempre aberto.
A roseira, se não for podada, não dá flor, e quando dá, se enche também de espinhos. Tão bonita, mas as vezes é melhor observá-la de longe, tipo mulher brava. De perto corre-se o risco de arranhar os braços ou furar os olhos, porém qual seria a outra forma de sentir seu perfume?
E o cacto, que é o contrário da roseira? Espinhoso o tempo inteiro, mais parece o “machão” do clássico homem não chora. Dá belíssimas e raras flores, porém, só se ficar sob sol intenso e com pouquíssima água, senão enjoa.
Se você cortar a pontinha de um cacto, colocar num palitinho de dentes e fincar em outro cacto, logo terá uma nova planta, com enxerto de duas espécies. Assim, tipo o filhinho tão esperado pelo casal. Mistura de dois.
Suculentas, por sua vez, não gostam de sol intenso, tampouco de sombra. Parecem fáceis de cuidar, porém são difíceis de agradar. Mas, se cair uma folhinha, você pode apenas deixa-la encostando na terra que brota outra planta, novinha! No inverno ficam estressadas e mudam de cor. Lindas, porém estressadas. Estressadas, no entanto, lindas. Sabe TPM?
Sobre o inverno, melhor deixar as plantinhas quietas. Não podar, não fazer mudas, não trocar de vasos, pois elas ficam em dormência. Preguiçosas. Tipo a gente num domingo frio. Melhor mesmo é não fazer nada.
Samambaias são um caso a parte. Não pode vento, não pode sol direto, porém se for filtrado, ela gosta. Água demais afoga, mas precisam de umidade. Melindrosas que só. Parecem a Patricinha da escola: popular, porém sebosas.
Folhagens coloridas precisam de algumas horinhas de sol para não ficarem opacas. Folhagens envernizadas não precisam de tanto sol assim, armazenam clorofila e brilham!
Passarinho de pequeno porte que vive em gaiola, não come semente de girassol; separa da ração e joga fora. O que vive solto, se aproveita do desperdício alheio para garantir o almoço do dia. Parece o pedinte, que aguarda o que não queremos para fartar – se com o que nos sobra.
O pomar só dá frutas depois de florescer inteiro, atraindo morcegos, sabiás, lagartas de fogo e vizinhos pidões. Anote: sempre tem alguém observando seu quintal.
É necessário acompanhar as viradas do sol de acordo com a mudança da estação, para trocar os vasos de lugar e garantir que todo mundo esteja sob a luz adequada para crescer. É bom mudar de lugar as vezes, sair da zona de conforto, ficar melhor do que antes. Evoluir, crescer.
(Em jardinagem e na vida) Nem tudo que parece é. Sol, na verdade significa claridade, sombra é sem contato com o sol pleno, mas não significa escuro. Breu não é o mesmo que noite, é só o lugar que não recebe luz independente da hora do dia. Luz que passa pelos vidros e folhagens não é sol direto, é sol filtrado. Nem todas as ervas são terapêuticas, algumas são tóxicas. Cuidado!
Não são feias, são bonitas; algumas até cheiram bem. Chá de hortelã para curar a cólica, boldo para curar ressaca, amora para menopausa, hibisco para emagrecer, picão para criança que nasce amarela, camomila para dormir melhor… Amor para curar tudo.
Nós somos o trabalho ao qual Deus se dedicou exclusivamente durante sete dias. Vivamos em comunhão.