Como jornalista, acompanhei a maior parte da carreira política de Glauber Coelho, morto em acidente há exatos quatro anos. Sempre foi uma ‘máquina’ para trabalhar – imaginava até que exercia a atividade enquanto sonhava. Embora técnico, sabia humanizar com destreza os números e dados e nunca deixou de se colocar ao lado daqueles que clamavam suas demandas; mesmo quando exerceu cargos no executivo.
No curso da campanha eleitoral de 2010, Glauber liga, convidando-me para ir à ‘Toca do Coelho’ – cômodo de sua casa no bairro Baiminas, onde era também seu escritório -, pois precisava me mostrar algo. Saí da redação e fui.
Após os cumprimentos, ele passou para as minhas mãos todas as páginas da pesquisa que havia contratado. Coelho ficou em silêncio e observando a minha reação. Os números narravam sua liderança em votos em vários municípios do Caparaó e uma votação expressiva em Cachoeiro; suficiente para se eleger.
“Caramba, Glauber!; você está eleito”, disse. Visionário, ele confidenciou o seguinte: “Escreva o que vou te falar, agora. Em 2012, vou colocar (ex-prefeito Roberto) Valadão e (também ex-prefeito Theodorico) Ferraço no meu palanque para prefeito”. Resultado: ele foi eleito naquele pleito para a Assembleia Legislativa e, nas eleições municipais seguintes, agregou as duas lideranças – embora, tenha perdido. Por ser uma ‘máquina’ com coração, no dia seguinte já estava cedo na Ales.
Em 2014, comecei a trabalhar na Assembleia com o então deputado Rodrigo Coelho. E cabe um parênteses sobre isso. Mesmo quem estava de fora enxergasse apenas uma suposta rivalidade entre os dois, desconhecia plenamente como os dois se completavam e se enriqueciam no que diz respeito à produção política em prol da população.
E foi neste ano que, assim como todos que o conheciam, sofri um baque; daqueles que a ‘ficha’ nunca cai. Era campanha política e tínhamos agenda incomum: festa de Burarama. Acordei e logo abri o Facebook para fazer a postagem de nossa ida. A primeira que vi foi um vídeo, no perfil de Glauber, de sua filha dizendo que o amava – era Dia dos Pais. Fiquei tomado pelo encanto, já que estava há um mês de também ser pai.
Ao saber que Coelho já havia ido para o distrito, deixamos para ir um pouco mais tarde – para não ter divisão de atenções. Daí que vem a triste notícia: Glauber sofreu acidente automobilístico, ainda antes de chegar no evento. Suspendemos a agenda, no momento, e, comovidos, iniciamos a busca por informações; até que disseram que ele chegou conversando no hospital. Graças a Deus, só um susto – pensamos.
Seguimos para Burarama e, claro, o ambiente era de extrema preocupação. O quadro de Coelho se agrava. Não houve mais agenda naquele dia. Durante os 10 dias de sua internação, a imagem da filhinha dele não me saía da cabeça; nem hoje. Deus chamou para si um grande pai, homem, trabalhador e um agente político convicto do significado e resultado do bom exercício desta ciência. Uma frase bíblica que ele sempre me dizia: “Dê honra a quem tem honra”.