A produção da indústria nacional caiu 10,9% em maio, na comparação com abril, no que foi a pior taxa desde dezembro de 2008 (-11,2%). O resultado, que colocou a indústria em patamares próximos aos registrados no final de 2003, refletiu o comportamento negativo das quatro grandes categorias econômicas e de 24 dos 26 ramos investigados, que não tinham tantas baixas desde fevereiro de 2002.
As informações são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada hoje pelo IBGE. O gerente da pesquisa, André Macedo, explicou que a principal causa para esse resultado foi a paralisação dos caminhoneiros durante o mês de maio, que afetou as plantas industriais: “a greve desarticulou o processo de produção em si, seja pelo abastecimento de matéria prima, seja pela questão da logística na distribuição. A entrada do mês de maio caracterizou uma redução importante no ritmo de produção”.
Com isso, a indústria perdeu ritmo e acumulou expansão de 2% nos cinco primeiros meses de 2018, abaixo do registrado até abril (4,5%). O acumulado nos últimos 12 meses passou de 3,9% para 3% em maio de 2018, e interrompeu a trajetória ascendente iniciada em junho de 2016 (-9,7%).
As categorias de bens de consumo duráveis e bens de consumo semi e não duráveis recuaram, respectivamente, 27,4% e 12,2%, as baixas mais intensas desde fevereiro de 2002. Bens de capital (-18,3%) e bens intermediários (-5,2%) também tiveram resultados negativos. Entre as atividades pesquisadas, as principais influências negativas foram na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-29,8%), de alimentos (-17,1%) e de bebidas (-18,1%), todas pressionadas pelas interrupções.
As duas únicas atividades com crescimento em maio, na comparação com abril, foram os ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%) e de indústrias extrativas (2,3%). Ambas repetiram o comportamento positivo dos últimos três meses, com ganhos acumulados de 12,5% e 5,9%, respectivamente. De acordo com o gerente da pesquisa, são dois segmentos com uma menor dependência em relação às rodovias. “Além disso, o biocombustível foi favorecido pela safra da cana de açúcar, que é destinada principalmente ao etanol. Já o setor extrativo foi impulsionado pela produção de minério de ferro”, disse.
Queda é menos intensa na comparação com maio de 2017
No confronto com maio de 2017, a indústria caiu 6,6%, o recuo mais elevado desde outubro de 2016 (-7,3%), o que interrompeu 12 meses consecutivos de taxas positivas.
Texto: Agência IBGE Notícias