Um grupo fechado de 11 médicos se revezava em plantões adicionais, além dos já estabelecidos (semana, noite e fim de semana) pela prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, gerando custo “desnecessário” aos cofres públicos superior a R$ 995 mil apenas em 2017.
De acordo com a Secretaria de Saúde (Semus), os próprios profissionais confeccionavam a escala; houve médico que recebeu R$ 12 mil, somente por meio dos referidos adicionais supostamente combinados entre eles.
A secretária de Saúde, Luciara Botelho, com exclusividade para o Em Off, desmentiu todas as acusações feitas pelos médicos durante reunião ocorrida na terça-feira (26) na Câmara Municipal. Suspeita-se que fiscalização das escalas, que chegou a reduzir em até R$ 6 mil o valor total do vencimento de alguns servidores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), tenha motivado a ofensiva. (ler aqui)
“Essas escalas eram desnecessárias e, por isso, causaram prejuízo à prefeitura. Existem 32 médicos à disposição da UPA e que suprem a demanda. Essas escalas eram feitas por um grupo fechado de médicos e serão submetidas ao Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) e à Comissão Permanente de Saúde para investigação. Teve profissional que assinalou nove plantões no mês”, revelou a secretária.
O salário dos médicos que atendem no UPA é fixado em R$ 980. Somado a ele, há adicionais de R$ 1 mil por semana trabalhada e R$ 1,2 mil, por noite e fim de semana. “Além desses adicionais, teve médico que recebeu por ter trabalhado por mais de 24 horas, o que não é permitido. Isso ocorria porque eles faziam a escala; isso não ocorre mais”.
De acordo com Luciara, a Semes assumiu, de fato, o controle do cronograma de trabalho na UPA a partir de agosto. “Neste mês, estive na unidade e vi que a escala estava alterada; ou seja, o grupo ainda tenta intervir”, contou. Ao mês, ficam disponíveis quatro médicos durante o dia e dois, à noite.
Falta
A secretária Luciara Botelho afirma que não houve falta de médicos no sábado (23) e nem na segunda-feira (25), e apresentou os Boletins de Atendimento de Urgência (BAU) dos dias (anexado abaixo).
Pacientes
Ela também garantiu que não havia pacientes a mais de 24 horas na unidade; uma vez que esses teriam dado entrada na UPA na noite de terça-feira (26) e estavam assistidos. No entanto, até às 11h30 desta quarta (27), os doentes ainda aguardavam vaga nos hospitais. “A Santa Casa Cachoeiro é ‘porta aberta’ para a UPA. Na unidade, há gerente e coordenador de enfermagem; além disso, o médico de plantão pode solicitar a transferência dos pacientes.
Medicação
“Em fevereiro, houve a compra de uma medicação feita por uma profissional da unidade. Realmente, no início do ano houve problemas quanto à disponibilidade de alguns medicamentos, o que não ocorre mais”.
Vínculo
Luciara informou que o pedido de 2º vínculo já fora feito pelos profissionais e que a questão foi encaminhada para a Procuradoria Geral do Município (PGM). “Estamos em processo para credenciar a UPA; um dos impedimentos era a quantidade de médicos pelo segundo vínculo – fato este que solucionamos através do processo seletivo”. Através da seleção, a prefeitura contratou 32 médicos; faltam oito para preencher o quadro ideal.
Rescisão
“Não teve ferimento dos direitos. O pagamento das férias e da rescisão será feito na sexta (29), exatamente quando vence o prazo”, explicou Botelho.