Ignorâncias irreversíveis

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Tatiana

Por Tatiana Pirovani

 

Após o resultado das eleições, esperava por um melhor momento, com ânimos mais calmos, a
fim de falarmos sobre o processo de transição de Governo. Porém, não será possível, afinal
muita gente ainda não virou a página.

Começamos pelo atípico silêncio de Jair Bolsonaro, após os resultados. Eu não o via quieto há
uns cinco, seis anos, pelo menos. De um lado, opinião pública, imprensa, comentaristas e
cientistas políticos conjecturando sobre seus motivos. Do outro, apoiadores nas ruas
protestando contra os resultados, fortalecendo a narrativa sobre fraude nas urnas,
caminhoneiros bloqueando rodovias, gritos favoráveis à intervenção militar, patriotinha
pendurado em um caminhão…

E aí, que é importante analisarmos o contexto. O PL, partido de Jair Bolsonaro, foi a legenda
que mais ampliou sua bancada; ganhou 23 deputados, passando de 76 para 99 integrantes.
Além disso, elegeu 06 Governadores. Então, essa história de que houve fraude nas urnas, não
pode ser levada adiante pelos reacionários, caso contrário, colocaria em xeque a vitória da
própria direita.

Questão de lógica para uns, irredutibilidade de outros. Mesmo com a manifestação do próprio
Jair, pedindo o desbloqueio das rodovias, o movimento de desocupação só ganhou força após
a responsabilização pessoal do Diretor da Polícia Rodoviária Federal. Ainda assim, temos notícias de alguns protestos contra o resultado das eleições ainda existentes.

Na nossa região, lojas fechadas, manifestantes reunidos junto aos caminhoneiros, nas
proximidades da Safra, um pequeno aglomerado ocupando o espaço público na Linha
Vermelha, incluindo as vagas do estacionamento rotativo (será que estão pagando?) e a área
de transbordo do transporte coletivo urbano, e por aí vai…

Obviamente, o que vem sendo questionado não é o direito à manifestação propriamente dito,
mas sim, o obscurantismo do movimento, sua inurbanidade, além da incoerência e de sua
natureza antidemocrática, no que tange ao endeusamento do regime militar. Pessoas que ao
mesmo tempo bradam pela liberdade, balançam bandeiras – literalmente- a favor da
intervenção. Como pode?!

Semana passada, um carro de som passou pelo centro da cidade encorajando os comerciantes
a fecharem suas portas em protesto. Onde ficou toda aquela conversa da época do lockdown?
Afinal, é para manter a porta aberta ou fechada?

Ah! Sem contar com a famigerada “lista do ódio”, com nome de lojas, bares, comércio em
geral, além de pessoa física, que seriam desfavoráveis à reeleição de Bolsonaro. Seu objetivo?
Desestimular o consumo nos locais listados e alimentar hostilidades.

Mas gente, e aquela história de preservação da livre iniciativa e da economia, blá blá blá?
Cachoeiro de Itapemirim, em especial, passou por três eventos que impactaram negativamente
o comércio. Ou vocês não se lembram da greve da PM em 2017, que teve por consequência os
saques? Lojas inteiras esvaziadas! E da enchente em 2020, vocês se lembram? Aquela que
depois realizaram um bazar solidário para ajudar que os lojistas comercializassem os itens
recuperados. Sem contar com a pandemia…

Sabe o que essas três ocasiões tiveram em comum? O slogan “Apoie o comércio local”.
Assim fica difícil legitimar esse movimento, simplesmente porque os artifícios utilizados
fortalecem a ideia que vem sendo fortemente combatida pela população contrária à
Bolsonaro: que a direita é amante da Ditadura e do discurso de ódio.

Na última quarta-feira, o Ministério da Defesa publicou seu relatório sobre a confiabilidade
das urnas e do processo eleitoral. Em sua conclusão, foi atestado que o sistema é imune a
qualquer vício. Agora volta lá no terceiro parágrafo desse texto e leia novamente.
A oposição faz parte do processo democrático e é considerada inclusive saudável e necessária,
mas ela não envolve essa paixão desmedida. Envolve lógica, compostura e sapiência.

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