O episódio envolvendo o ex-treinador do Flamengo, Jorge Jesus, que causou enorme polêmica no cenário futebolístico mundial, trouxe à tona as facetas das atuações jornalísticas.
Em um jantar amistoso, na casa de um amigo – onde também estava um jornalista (amigo do anfitrião), Jorge Jesus fez revelações sobre seus interesses com o Flamengo. Detalhe: no auge do momento em que a torcida rubro-negra anseia por seu retorno.
Porém, a publicação feita pelo jornalista – possivelmente, sem o consentimento do ex-treinador, caiu como uma bomba em diversos setores, abalando as estruturas do Flamengo, do atual técnico, de emissoras de televisão e, até, do próprio Jorge Jesus.
Enfim. A polêmica do tema específico causada pelo jornalista Maurício Prado pode ser conferida na internet. O foco deste texto é repercutir o seguinte: o jornalista agiu certo em publicar o que ouviu naquele ambiente amistoso? A ética jornalística foi desrespeitada?
Este editorialista – despido de qualquer posse das inúmeras verdades existentes – coloca na mesa uma afirmação: “Confissão se faz a padre”. Isso, mesmo. Para mim, um fato.
No entanto, é óbvio que existem situações que anulam o que seria óbvio. Como assim? Ora (vinculado ao caso que é tema deste texto), pode haver pedido de sigilo – o famoso ‘em off’, por exemplo.
Vamos lá: no referido jantar, o jornalista estaria com um gravador direcionado (visivelmente) ao Jesus? Com o decorrer dos dias, sob a repercussão, vimos que o ex-técnico do Flamengo não sabia que haveria a divulgação. Seu empresário enviou mensagem a um programa esportivo afirmando isso.
Aprofundando neste ponto: também não houve um posicionamento desmentindo o que foi divulgado. E mais: como não havia gravador, não há provas. Por que então o suposto autor das declarações não se impôs, até judicialmente, contra ao que foi publicado?
Outro ponto é o pedido de ‘em off’. Isso acontece, por obviedade, quando a pessoa tem confiança no jornalista; do contrário, jamais haverá o pedido: ela nem cogitará em falar algo sem a confiança do sigilo por parte de quem está diante dele.
Com essas duas situações, não há dúvidas que o emissor sabia da possível publicação daquilo que disse (por estar falando com um jornalista). Se não quisesse, teria feito algo para evitar (pedindo sigilo, o tal do ‘em off’).