Em uma reviravolta significativa nas eleições municipais de Cachoeiro de Itapemirim, a Justiça Eleitoral suspendeu a divulgação de uma pesquisa do Instituto IPEC que dava ao candidato Theodorico Ferraço uma vantagem de 30 pontos sobre seus concorrentes. A pesquisa, contratada pela Rede Gazeta, afiliada da Rede Globo, foi impugnada após representação movida pela coligação “Cachoeiro Acima de Tudo, Deus Acima de Todos!” (PL-PRTB), encabeçada pelo candidato Léo Camargo.
A decisão judicial, assinada pelo Juiz Roney Guerra Sattler, aponta irregularidades graves na pesquisa, sobretudo na falta de individualização do pagamento de cada levantamento realizado. De acordo com a liminar, a nota fiscal apresentada pela empresa de pesquisa mencionava apenas o pagamento de uma parcela geral, sem discriminar os valores referentes a cada uma das pesquisas realizadas.
Esse erro, conforme argumentado pela coligação de Léo Camargo, comprometeu a transparência e a validade da pesquisa, que não atendeu aos requisitos previstos na legislação eleitoral, conforme a Resolução TSE nº 23.600/2019.
A coligação de Camargo argumentou que a pesquisa não só apresentava problemas técnicos, mas também teria um impacto negativo no eleitorado, podendo induzir o público a erro e favorecer Ferraço de maneira indevida.
O juiz concordou com os argumentos apresentados, afirmando em sua decisão que a “mácula ao processo eleitoral” perduraria enquanto a pesquisa irregular fosse divulgada, o que justificou a suspensão imediata dos seus resultados.
A Implicação da Liminar
A pesquisa, que inicialmente colocava Ferraço como o líder absoluto com 30 pontos de vantagem, foi recebida com desconfiança por parte da campanha de Léo Camargo e de outros candidatos. Segundo a liminar, a falha na emissão da nota fiscal compromete a integridade dos dados divulgados, tornando a pesquisa duvidosa. A decisão reforça o compromisso da Justiça Eleitoral em garantir a transparência e a lisura do processo eleitoral, evitando que levantamentos inconsistentes prejudiquem o equilíbrio da disputa.
O advogado da coligação de Léo Camargo, Júlio César de Souza, declarou que a suspensão da pesquisa é uma vitória para a democracia e para a transparência no processo eleitoral.
“Essa pesquisa apresentava diversas falhas técnicas que não poderiam ser ignoradas. A suspensão dela é um passo importante para garantir que o eleitor tenha acesso a informações verdadeiras e imparciais”, afirmou.
Manipulação e Influência da Mídia
A decisão também reacendeu o debate sobre o papel da mídia na divulgação de pesquisas eleitorais. A Rede Gazeta, afiliada da Rede Globo e responsável pela contratação da pesquisa, foi criticada por apoiadores de Léo Camargo por divulgar resultados que, segundo eles, inflavam artificialmente a vantagem de Ferraço e poderiam influenciar a opinião pública de maneira indevida.
O Juiz Roney Guerra, em sua decisão, ressaltou que pesquisas eleitorais são essenciais para o processo democrático, mas alertou para os perigos do “efeito de manada”, onde resultados manipulados ou tendenciosos podem influenciar eleitores de forma desleal. “Compete à Justiça Eleitoral zelar pela transparência no registro e divulgação de dados das pesquisas eleitorais”, destacou o juiz.