“Até que não existam cidadãos de 1º
e 2º classe de qualquer nação
Até que a cor da pele de um homem
Seja menos significante do que a cor dos seus olhos
Haverá guerra” – Bob Marley
Não existe racismo no Brasil?
Há dois anos, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que não existe racismo no Brasil. Aí eu pergunto: como ele irá identificar um ato ou, até mesmo, ver nos olhos alheios o racismo se ele não é negro? Vou mais além: taí a importância de mais representatividade negra no bojo governamental e nos cargos eletivos. Como não houve nenhuma interferência do titular do Palácio do Planalto na infeliz fala de Mourão, percebe-se que assim é o pensamento do ‘governo’. Então, o que esperar de políticas públicas de enfrentamento ao racismo?
Iniciativa
A Comissão de Igualdade Racial, da seccional da OAB de Cachoeiro de Itapemirim, atua firme na causa antirracista. Nesta semana, ela promoveu o curso com o tema “Brasil e sua construção racista”. Foram tratados do ‘Contexto histórico’, ‘O contexto institucional legislativo e jurídico’ e ‘Os desdobramentos atuais e casos concretos’.
Objetivo
O evento teve o objetivo de incentivar o debate e informação que estimulam o estudo, a discussão e a defesa das questões étnico-raciais, promovendo o esclarecimento e informação quanto a identificação das práticas discriminatórias decorrentes do preconceito de raça e etnia, bem como esclarecer a respeito de leis e mecanismos de defesa antidiscriminatórios, desenvolvendo um trabalho de conscientização e capacitação que visam erradicar essa prática em todos os níveis em que se apresenta, com ensinamento e diretrizes básicas.
Inspiração
Além da atuação, é importante que a iniciativa da Comissão de Igualdade Racial sirva de inspiração para outras entidades e de combustível para aqueles que já atuam na área. O antirracismo deve chegar a todos os lugares, assim como a pureza das crianças (considerando que ninguém nasce racista) deve ser preservada com atividades temáticas nas escolas.
Homenagem
Minha geração cresceu vendo bonecos e bonecas brancas, apresentadores de televisão, personagens de livros e toda propaganda televisiva só tinha personagens brancos. Nós negros só estampávamos as páginas policiais. No caso das propagandas, aos poucos há a inserção de negros nos comerciais. Em algumas dessas poucas situações, a minha filha, de 7 anos, fica encantada quando aparece uma mulher negra com os cabelos cacheados. Ela comenta, apontando o dedo, e os olhos brilham. E é com esse mesmo brilho nos olhos que me sinto representado pelo trabalho da Comissão de Igualdade Racial da OAB cachoeirense e agradeço a homenagem prestada também a mim, em meio a personalidades de tanto destaque. Obrigado!
“Será que um dia eu serei a patroa
Sonho que um dia isso possa acontecer
Ficar na sala não ir mais para a cozinha
Agora digo o que vejo na TV
Um som negro
Um Deus negro
Um Adão negro
Um negro no poder” – Adão Negro