Por Tatiana Pirovani
Voltando à programação normal, vamos às reflexões relacionadas às ideologias políticas, seus
espectros e toda aquela taxação de que: uma fala contra Jair Bolsonaro nos atribui fama de
comunista, uma fala a seu favor nos traz o rótulo de fascista e quem não acha nada está em
cima do muro.
Além de perigosa, a rotulação objetiva no meio político pode ser considerada no mínimo
superficial, para não dizer ignorante. Obviamente, nem toda pessoa que discute política terá o
interesse de voltar lá na Revolução Francesa a fim de compreender de onde nasceu o conceito
direita e esquerda. Por outro lado, como diria o pensador, “O maior castigo para aqueles que
não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam”. E nessa de
deixar-se levar pela pressão das redes sociais, frases feitas, lacração, fake news, pelo discurso
emocionado, é que muita gente passa de eleitor à simples massa de manobra.
Opinar a favor de determinado Governo não faz de nós partidários, mas aponta para nossas
convicções ideológicas. Por isso, penso ser razoável que todos nós nos aprofundemos
minimamente dos temas e do espectro político que nossa fala envolve. Além disso, tão
importante quanto saber da nossa ideologia, é também compreender as demais; as vezes as
pessoas estão falando a mesma coisa, só que de outro jeito.
Julgo importante também, não personificarmos; enxergar A Presidência da República, A
Prefeitura como A instituição. Pessoas passam, instituições permanecem e estão linkadas à
Constituição. Comportamentos que ignoram isso, indicam para a contramão de um país
democrático.
As ideologias de esquerda e direita são algo super subdividido, que foram nascendo das
circunstâncias. Por isso, nem todo mundo de esquerda é comunista, assim como nem todo
mundo de direita é fascista. Sem contar o Centro; hora ou outra ele permeabiliza com algum
lado, dependendo da pauta e como ela interage ideologicamente.
Precisamos enxergar direita e esquerda como lados mesmo. Para alguém de extrema direita,
um neoliberal está mais próximo da esquerda do que da direita, por exemplo. Assim como,
para alguém de extrema esquerda, um liberal democrata poderia ser considerado mais
próximo da direita, e por aí vai.
Em geral, os extremos representam o autoritarismo, e são considerados antidemocráticos,
qualquer que seja o lado. Logo, posicionamentos ideológicos fora das pontas são
interessantes, diria até imprescindíveis numa democracia.
Obviamente, tais ideologias são representadas pelos pilares dos partidos. Mas devemos
observar também a conduta governamental dos agentes. Pode ser que um político se
classifique dentro de determinado espectro ideológico, e na prática governamental, sua gestão
represente algo totalmente diferente. E sim, dentro do mesmo partido existem agentes que não
compartilham igualmente de todo o espectro. Quem aí já ouviu a expressão “tal partido é
partido”? Dinamismo de pensamentos! Li-ber-da-de.
Por isso, os alinhamentos pós eleições entre pseudo antagonistas acontecem, porque não há
Governo sem interlocução. Nem sempre se trata de “virar a casaca”, ou de ser algo imoral,
mas sim do relacionamento com a pluralidade ideológica, dentro daquilo que é comum.
Quando engessamos nosso entendimento a respeito de esquerda e direita, prejudicamos o
debate político e fomentamos a polarização. Sem contar que, quando não aceitamos
divergências, também estamos sendo antidemocráticos. Dialoguemos.