Com o objetivo de discutir as políticas sociais voltadas à juventude negra na contemporaneidade e o impacto positivo do território na construção da identidade do jovem no Espírito Santo, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) realizou, na sexta-feira (17/03), o “VI Encontro da Juventude Negra com o MPES: Identidade e Territórios”.
O evento contou com a participação de membras(os), servidoras(es), estagiárias(os) do MPES, coletivos, associações e público em geral.
A procuradora-geral de Justiça do MPES, Luciana Andrade, falou da importância de debater o tema no âmbito do Ministério Público e destacou a necessidade de combater o racismo estrutural, que, infelizmente, é presente na sociedade.
“O racismo estrutural está presente no dia a dia e temos que estudar e trabalhar para mudar isso, além das palavras que nós não devemos proferir, as ofensas, as injúrias que são praticadas contra a população preta. Nós temos a estrutura de uma sociedade que não permite que essa população alcance bancos escolares com melhor qualidade”, avaliou Luciana Andrade.
Garantia de direitos
Em seguida, a subcoordenadora do Núcleo de Proteção aos Direitos Humanos (NPDH), procuradora de Justiça, Edwirges Dias, ressaltou a relevância do tema para a sociedade.
“Esse tema é de suma importância e muito interessante, porque visa garantir aos direitos fundamentais da sobrevivência humana, como saúde, educação, lazer, trabalho e renda e a para o aumento da igualdade social”, declarou a procuradora de Justiça.
A primeira palestra abordou “A Construção Histórica do Racismo e a Luta Antirracista”, ministrada pela doutoranda em História pela Ufes, Luciene Carla Corrêa Francelino. Ela explicou como o racismo se mantém na contemporaneidade.
“O racismo é estrutural porque foi construído. O racismo não é uma ideia, uma ideologia. Se fosse uma ideia seria fácil mudar. Ele foi construído com tecnologia, sofisticação e com requintes de crueldade, idealizado a partir do século XVI, na época das grandes navegações”, expôs a historiadora.
Juventude
A jornalista Geisiane Teixeira falou do “Ateliê de Ideias: o case de sucesso no Território do Bem”. Demonstrou o trabalho desenvolvido pela organização e o impacto positivo na vida dos jovens participantes dos cursos ofertados na região.
Já a presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Keila Bárbara Ribeiro da Silva, demonstrou, por meio da palestra “Instituto Raízes – Identidade e Cultura: A Superação das Violações de Direitos nos Territórios”, a importância da organização como forma de superar as desigualdades.
Oportunidades
A última palestra do evento foi com a deputada estadual Camila Valadão, que ministrou palestra com o tema: “O Olhar do Poder Público para a Inovação da Juventude Negra”. Ressaltou o que tem sido feito em prol da juventude negra no meio político, levando em consideração o período de inovação que a sociedade está inserida.
O promotor de Justiça, Wagner Eduardo Vasconcellos, foi o mediador do evento e reforçou a ideia de o MPES estar ao lado da população preta, principalmente da juventude.
“Este é um tema fundamental para a instituição. Um evento como esse, com a participação direta da sociedade, é exemplar. O jovem preto periférico precisa ter oportunidades, tem que sonhar com um futuro melhor e promissor”, disse.